sexta-feira, 30 de março de 2012

Comemoração do Golpe Militar de 1964




Tumulto em frente ao Clube Militar no Centro do Rio
Foto: O Globo / Marcelo Piu
Tumulto em frente ao Clube Militar no Centro do RioO GLOBO / MARCELO PIU
RIO - A comemoração do golpe militar de 1964, organizada por militares da reserva nesta quinta-feira no Centro do Rio, terminou com uma grande confusão. Cerca de 350 pessoas, entre eles representantes do PT, PCB, PCdoB, Psol, PDT e outros movimentos sociais de esquerda, bloquearam a entrada principal do Clube Militar, na esquina da Avenida Rio Branco com Rua Santa Luzia, e tumultuaram a chegada dos convidados para o evento. O tempo todo gritavam palavras de ordem, chamando os militares de torturadores, assassinos e covardes. Uma pessoa foi presa após trocar socos e pontapés com um militar. O policiamento do local foi reforçado pela tropa de choque da PM.
Tarso Genro diz que comemoração é provocação

Cada militar que chegava ao local era cercado, xingado e só conseguia entrar no prédio sob escolta da PM. A avenida Rio Branco chegou a ser fechada por dez minutos, pois no momento em que o jovem foi preso e colocado no camburão, várias pessoas tentaram impedir que ele fosse levado, cercando o veículo. O trânsito só foi liberado após os policiais usarem bombas de efeito moral, cujos estilhaços feriram na barriga a manifestante Miriam Caetano, de 33 anos.

Um dos militares revidou ao xingamento, pegou o celular de um manifestante, que reagiu. Houve empurra-empurra, e o estudante de Ciências Sociais Antônio Canha, de 20 anos, acabou sendo atingido por um tiro de descarga elétrica de uma pistola Taser. Os manifestantes também derramaram um balde de tinta vermelha nas escadarias do Clube Militar, representando o sangue derramado durante a ditadura, e atingiram um segurança do local com ovos.

Nas ruas próximas, vários cartazes com frases como "Ditadura não é revolução", "Onde estão nossos mortos e desaparecidos do Araguaia?", além de fotografias de desaparecidos durante os anos de chumbo. Parentes de desaparecidos compareceram ao protesto, como Maria Cristina Capistrano, filha de David Capistrano, jornalista e ex-ativista do PCB.

- Em 1974, ele foi levado para o DOPS no Rio de Janeiro e depois para a Casa da Morte, em Petrópolis. Desde então nunca mais tivemos notícias dele. Devido a casos como este do meu pai, acho importante este tipo de mobilização.

Os militares, que ficaram o tempo todo acuados dentro do prédio, saíram aos poucos do local. Uns pela porta dos fundos e outros, escoltados pela PM até uma estação do metrô que fica em frente ao Clube ou até conseguirem um táxi.

A Guarda Municpal e a Polícia Militar fecharam a Rua Santa Luiza ao trânsito na tentativa de dispersar a confusão.
O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) que passava em frente à manifestação, segundo ele por coincidência, pois ia entregar o Prêmio Ferreira Gullar na Biblioteca Nacional, considerou a comemoração dos militares uma provocação:

- Eles fazem este tipo de provocação, o que é uma ofensa à democracia e à Constituição brasilera. Inaceitável esse tipo de coisa depois que conquistarmos a democracia.


 

Um comentário:

Barbie disse...

Parece que membros de um clube se reunirem em suas dependências não é nenhum ato que prejudique os direitos dos cidadãos. Impedir que estes sócios tenham acesso a seu clube com interdição da passagem agressões e xingamentos isto sim é passível de censura e intervenção dos que mantém a ordem.