Joel Santana: As coisas voam no Flamengo

Joel Santana diz que as coisas “voam” muito rapidamente no clube

RIO — Ao manifestar espanto pela forma com que a volta de Adriano entrou na ordem do dia, o técnico Joel Santana usou uma frase que explica muito do Flamengo, inclusive a forma com que o time cedeu o empate ao Olimpia, por 3 a 3, no Engenhão:

— No Flamengo, as coisas voam muito rapidamente.

Após perder jogadores importantes e o jogo para o Boavista na abertura da Taça Rio há duas semanas, o Flamengo viveu dias de terra arrasada. Duas semanas depois, líder do grupo na Libertadores, enchia o Engenhão de orgulho pela renovação. Na virada dos ventos, a confiança foi varrida pela nuvem de protesto. Velho marujo, Joel ainda fica enjoado com o balanço das ondas de otimismo e rejeição:

— Falar depois é fácil. Se eu boto o jogador, sou cobrado. Se deixo no banco, reclamam que não botei — disse, ao revelar que pensou em reforçar a defesa quando o Olimpia iniciou a reação. — Se eu faço e não acontece, me jogam no mar.

Xingado após vitória sobre o Emelec por 1 a 0 há oito dias, Joel disse que também esperava um placar mais exuberante. Em busca dele, lançou Negueba no lugar de Thomás após o primeiro gol do Olimpia. Menos de 15 minutos depois, era igualmente hostilizado. Quando o time atua mal e vence, Joel é chamado a responder pela qualidade. Diante do apagão na noite luminosa, a cobrança é pelo resultado.

— O time relaxou, faltou malandragem. Não precisava nem de treinador. Fura a bola e não tem mais jogo. É igual pelada — disse, ainda surpreso apesar de já conhecer os caprichos da bola. — Nunca vi jogo assim. Com três gols de vantagem, em dez minutos a festa vira pesadelo.

No vestiário, a decepção se transformou em desafio. Diante dos times e jogadores mais rodados do continente, quem não luta até o fim acaba apanhando. Machucados, os jogadores se determinaram a conseguir fora de casa os pontos que desperdiçaram no Rio. Sem Vágner Love machucado e Ronaldinho, suspenso, o time enfrenta o Friburguense, amanhã, em Macaé.

— Fizemos um pacto. Com certeza ainda vamos dar muitas alegrias à torcida — disse o lateral Júnior César.