sexta-feira, 1 de junho de 2012

Um veneno chamado Cigarro


No dia mundial sem tabaco, algumas estratégias e informações para quem pensa em largar o vício que, no Brasil, já aprisiona 18,8% da população


O tabagismo é considerado a principal causa de morte evitável no mundo
Foto: Ana Branco/ Agência O Globo
O tabagismo é considerado a principal causa de morte evitável no mundoANA BRANCO/ AGÊNCIA O GLOBO
RIO - O tabaco mata cerca de seis milhões de pessoas por ano. Desses, cinco milhões são fumantes e ex-fumantes, mas aproximadamente 600 mil são fumantes passivos. Uma pessoa morre a cada seis segundos em decorrência do fumo e metade dos usuários atuais vai morrer por alguma doença relacionada ao tabaco. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS), que aponta o fumo como maior ameaça à saúde pública que o mundo já enfrentou. No Brasil, dados do Ministério da Saúde, através de pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), apontam 18,8% de fumantes — 22,7% homens e 16% mulheres.
Segundo o pneumologista e sanitarista Alberto José de Araújo, diretor do Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo e presidente da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), quem fuma geralmente tem contato com o primeiro cigarro entre 12 e 14 anos, e 80% desses adolescentes já são dependentes aos 18 anos. Quanto mais cedo se começa, quanto maior a quantidade de cigarros e quanto mais envolvidos os aspectos emocionais e comportamentais, mais difícil é parar de fumar.
— A nicotina, principal substância do cigarro, é considerada a dependência química mais forte, levando em conta drogas lícitas ou não. E essa dependência se estabelece de forma muito rápida entre a experimentação e a entrada na rotina do indivíduo. Por isso é mais fácil parar se o fumante encarar a dependência como doença e contar com ajuda para combater o vício — explica. — Fumar é também um hábito, um vício, mas é acima de tudo uma doença.
Depois de entender a doença, o ideal é procurar um médico para testar o grau de dependência, fazer algumas avaliações de motivação, conversar sobre que condições e doenças podem melhorar com o abandono do cigarro e, por fim, marcar uma data para parar de fumar.
— Isso é muito importante psicologicamente e é fundamental pensar na data, não no que vem depois. Quem marca a data para os 30 dias seguintes está mais pronto, de acordo com a nossa experiência — diz o médico.
Daí em diante, para amenizar os sintomas de abstinência das primeiras duas semanas (sudorese, dor de cabeça, alterações de humor e no ritmo cardíaco, em alguns casos até depressão) os especialistas recomendam o uso de repositores de nicotina em adesivo, goma de mascar, pastilha ou comprimido, de acordo com o histórico de cada paciente.
Recaídas e aumento de peso
Do total de fumantes que fazem tratamento para deixar o cigarro, cerca de 30% recaem e cerca de 60% das recaídas acontecem nos três primeiros meses de tratamento. Vencida esta etapa, o índice cai para 17% a 20% no período de um ano e para 1,5% após 12 meses, segundo dados de um estudo com 820 pacientes em tratamento, realizado pelo Programa de Assistência ao Fumante (PAF), coordenado pela cardiologista Jaqueline Scholz, diretora do Programa Ambulatorial de Tratamento do Tabagismo do Instituto do Coração (Incor), que analisou dados de 2008 e 2009 dos pacientes e apresentou as conclusões em março, no congresso da Sociedade para Pesquisa de Nicotina e Tabaco, nos Estados Unidos.
De 568 pacientes acompanhados durante um ano, 73% ganharam em média 5kg, 17% mantiveram o patamar inicial e 10% ficaram mais magros. Mas 85% dos pacientes disseram que deixar de fumar melhorou sua condição clínica e qualidade de vida, segundo a cardiologista.


  

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