Permanência de parlamentares que tiveram encontro em Paris é questionada
BRASÍLIA - Depois que veio a público a informação de que parlamentares que integram a CPI do Cachoeira se encontraram com Fernando Cavendish, ex-presidente da construtora Delta, em Paris, na Semana Santa, num almoço em um sofisticado restaurante na Avenida Montaigne, membros da comissão passaram a defender que eles se afastem das investigações. Além do senador Ciro Nogueira (PP-PI) e do deputado Maurício Quintella Lessa (PR-AL), também esteve no almoço a mulher do senador, a deputada Iracema Portela (PP-PI), que é suplente na CPI e tem direito a voz e a voto. Na sexta-feira, Lessa distribuiu nota dizendo que não conhecia Cavendish e que apenas Nogueira foi cumprimentá-lo.
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) afirmou que é incompatível a permanência deles na CPI.
— Isso dá margem ao afastamento, porque é incompatível um membro da comissão ter um relacionamento próximo ao investigado — declarou, observando, porém, que o regimento do Congresso não é taxativo sobre o assunto: — Lamentavelmente, o regimento comum é muito aberto sobre isso.
O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), avaliou que a CPI está “sob orientação política suspeita”. Ele defendeu que os parlamentares peçam o afastamento das investigações e que a CPI recupere seu foco.
— É preciso recolocar a CPI nos trilhos da investigação para valer, valorizando o essencial, que é o desvio do dinheiro público, por meio das operações da Delta tendo Cachoeira como principal traficante de influência — afirmou.
Para o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), que anteontem causou uma confusão na CPI quando disse que era preciso investigar a “tropa do cheque” na comissão, a revelação de que parlamentares se encontraram com Cavendish em Paris poderá ajudar na aprovação do requerimento que convoca o empresário a prestar depoimento.
Anteontem, a requisição foi derrotada por 16 votos a 13. Foi Miro quem disse que havia informações de que parlamentares haviam se encontrado com o empreiteiro depois de uma viagem à África. Entre os dias 30 de março e 5 de abril, eles participaram da 126 Assembleia Geral da União Interparlamentar, em Kampala, Uganda.
— Isso tem que ser tratado com delicadeza, porque pode ensejar a convocação do Cavendish. A pequena diferença na votação está superada com o conhecimento deste fato — afirmou o deputado.
Lessa informou, em nota, que não conhece Cavendish e que sua postura na CPI tem “sido firme e independente em relação a qualquer investigado”. Ele observou que foi um dos autores do requerimento da convocação de Cavendish e declarou que não estava na sessão de anteontem porque acompanhava o governador Teotônio Vilela, de Alagoas, em um evento no Estado contra o crime.
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