quarta-feira, 27 de junho de 2012

João Paulo (réu do mensalão) é candidato a Prefeito em Osasco


João Paulo Cunha encara campanha a prefeito como chance de recuperar honra



Ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha lança candidatura a prefeito de Osasco-SP
Foto: O Globo / Eliária Andrade
Ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha lança candidatura a prefeito de Osasco-SPO GLOBO / ELIÁRIA ANDRADE
SÃO PAULO - Único dos 38 réus do processo do mensalão que irá disputar a eleição deste ano, o deputado federal João Paulo Cunha teve a candidatura a prefeito de Osasco, município de 666,7 mil habitantes na região metropolitana de São Paulo, aprovada na tarde deste sábado pelo PT e disse que a campanha será uma “chance de recuperar a honra”.
Ex-presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo se emocionou ao discursar.
— Nessa campanha queria que cada de um vocês me ajudasse para pedir para o povo a chance de recuperar a minha honra — disse.
Aos militantes petistas, João Paulo contou que a mãe era empregada doméstica e que ele trabalhava desde 9 anos enchendo potes de detergente para ela vender. Afirmou ainda que a patroa da mãe o mandava almoçar do lado da casa.
— Estou no meu quinto mandato de (deputado) federal e moro na mesma casa.
O histórico de vida, de acordo com o próprio deputado, foi destacado para que os militantes tenham coragem de defendê-lo durante a campanha:
— Por onde eu passar, os companheiros podem deixar que eu me defendo. Quando eu não estiver, eu queria que cada companheiro me defendesse — pediu.
O ex-presidente da Câmara fez referência ao episódio em que o líder palestino Yasser Arafat discursou na Assembleia Geral da ONU em 1974 e disse levar um ramo de oliveiras numa mão e um fuzil na outra.
— Trago duas coisas para essa plenária: numa mão um programa de governo para a cidade e na outra mão a minha vida.
Também admitiu viver um momento tenso à espera do julgamento, marcado para agosto.
— Não quero falar muito porque ando igual aquela música (Flor da Pele) do Zeca Baleiro que diz o seguinte: ando tão a flor da pele que até beijo de novela me faz chorar.
O deputado é apoiado, além do PT, por outros 20 partidos, entre eles o DEM. Tem como principal cabo eleitoral, o atual prefeito da cidade, o também petista Emídio de Souza. Mesmo antes do lançamento oficial, João Paulo já estava em ritmo de campanha. Ele tem participado de uma série inaugurações de obras da prefeitura local.
Apesar da ampla aliança, o vice também é petista, o ex-secretário de Obras da cidade Jorge Lapas. João Paulo negou que a escolha seja uma preocupação com uma eventual condenação no processo do mesalão, que o impediria de tomar posse caso eleito.
— É o nome que possibilitou a maior unidade.
João Paulo é réu no processo do mensalão porque sua mulher sacou R$ 50 mil no tempo em que ele era presidente da Câmara da conta da empresa do publicitário Marcos Valério, apontado como operador do esquema. A agência de Valério ganhou uma licitação para prestar serviço para a Câmara, na mesma época. Nas alegações finais do processo do mensalão, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pede a condenação do deputado a uma pena de 10 a 42 anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato.
O deputado alega que o saque foi feito para pagar despesas de campanhas em Osasco.
— Era dinheiro do PT.
Questionado se o uso do dinheiro para campanhas também não seria irregular, respondeu:
— Não é crime, não é peculato, não é lavagem de dinheiro — afirmou o deputado.
O ex-presidente da Câmara afirma não temer que o assunto mensalão seja explorado pelos adversários na campanha em Osasco.
— A oposição não vai pode me atacar porque eu que vou falar do mensalão. Quero esclarecer isso. Eu tenho 30 anos de mandato e não tenho um processo na minha vida. Vão falar o que?

 

Um comentário:

Alberto disse...

Esta de recuperar a honra não dá para entender. Só se recupera depois de perder e não se perde o que nunca teve.