Petistas de Campina Grande entram em choque com senador Vital do Rêgo
BRASÍLIA - Pelo apoio do PP à pré-candidatura de Fernando Haddad em São Paulo, o PT nacional resolveu comprar briga com o presidente da CPI do Cachoeira, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), o que pode trazer dor de cabeça para o governo e o próprio partido na CPI. Segundo pessoas do comando do PT nacional, o partido resolveu romper a aliança com o PMDB em Campina Grande, na Paraíba, comandado por Vital e seu irmão, o atual prefeito Veneziano do Rêgo.
O rompimento deixou o presidente da CPI furioso e agora ele ameaça, nos bastidores, unir-se ao PSDB e oposição nas votações da CPI, criando problemas para o governo.
Em detrimento da aliança com o PMDB na cidade, o PT decidiu que o vereador petista Peron Japiassu será candidato a vice-prefeito na chapa de Daniella Ribeiro, irmã do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, responsável pela ida do seu partido para a campanha de Haddad em São Paulo.
Segundo amigos de Vital do Rêgo, ele mandou recados até para a presidente Dilma Rousseff e para o ex-presidente Lula, pedindo a intervenção dos dois. Vital teria dado um prazo para que houvesse uma intervenção da Executiva Nacional do PT em Campina Grande, como aconteceu em Recife.
Mas a interferência veio justamente para reforçar a aliança com o PP. Agora, as relações do PMDB e PT, que já estavam ruins na CPI, podem azedar ainda mais.
— Já está decidido. O PT vai apoiar a candidatura de Daniella Ribeiro em Campina Grande, mesmo com a rebelião de Vital do Rêgo. O ministro Aguinaldo Ribeiro teve um papel muito importante no anúncio do apoio do PP à candidatura de Haddad — confirmou ao GLOBO um integrante da cúpula do PT nacional.
Pessoas próximas a Vital do Rêgo dizem que, no início, ele resistiu em aceitar a presidência da CPI, mas decidiu encarar a tarefa acreditando que aumentaria seu poder de pressão sobre o PT justamente nos meses que antecedem as eleições municipais. Procurado ontem pelo GLOBO, o senador não respondeu aos pedidos de entrevista. Desde o início dos trabalhos da CPI, Vital tem se reunido frequentemente com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, para tratar da crise da aliança em Campina Grande.
Veneziano do Rêgo, o irmão de Vital, elegeu-se para dois mandatos com o apoio do PT, que participou da administração durante os oito anos de sua gestão. O acordo firmado entre os dois partidos consistia na ajuda petista para que Veneziano fizesse seu sucessor este ano e, assim, aumentasse suas chances ao governo do estado em 2014, também com auxílio do PT.
No entanto, desde que Agnaldo Ribeiro assumiu o Ministério das Cidades, um grupo de petistas articula o apoio à sua irmã. Pouco antes de a CPI ser instalada, o diretório municipal petista se rebelou e decidiu, pelo voto, apoiar a candidata do PP e dar as costas à pré-candidata lançada por Veneziano, sua secretária de Saúde, Tatiana Medeiros.
Vital passou a atuar junto ao PT nacional para um acordo. Ele já avisou que, se o problema não for resolvido, o governo não poderá contar com sua ajuda na CPI do Cachoeira.
Desde que a crise se instalou em Campina Grande, Veneziano tem circulado pelo Congresso semanalmente e também já foi recebido por Ideli algumas vezes. Ele esteve em Brasília quarta-feira, mas não conseguiu reverter a situação.
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