sábado, 30 de junho de 2012

O Copeiro que Continua Pobre


Funcionário do bar Cervantes reclama de colegas que se negaram a ajudá-lo



Lúcio Flávio Osório, copeiro do restaurante Cervantes da Barra, não quis apostar R$ 10
Foto: Felipe Hanower / Agência O Globo
Lúcio Flávio Osório, copeiro do restaurante Cervantes da Barra, não quis apostar R$ 10FELIPE HANOWER / AGÊNCIA O GLOBO
RIO — O copeiro do Cervantes da Barra Lúcio Flávio Osório teve a sua vida virada de cabeça para baixo em apenas 24 horas. Ele passou de grande azarado a sensação do momento. Na quarta- feira, quando foi dormir, Lúcio Flávio era o copeiro “burro”, segundo a própria mãe, que, por causa R$ 10, deixou de levar uma boa grana num bolão da Quina de São João junto com colegas de trabalho. Cada um ganhou R$ 635 mil. De manhã, todos mexiam com ele na rua, queriam saber como estava se sentindo, lançavam piadinhas. Até quem passava de ônibus na frente do restaurante gritava zoações.
Mas Lúcio, longe de se deixar abater, está curtindo a fama temporária. Já foi procurado por diversos programas de TV, como o de Fátima Bernardes. O copeiro disse que vai a todos que puder para ver se, de alguma forma, consegue realizar o sonho da filha Eyshila: ganhar uma grande festa de aniversário no ano que vem.
— Eu quero uma festa dos Rebeldes. Tem um salão aqui perto de casa que tem sala de jogos e piscina, quero fazer meu aniversário lá — conta Eyshila, que faz 9 anos em janeiro.
— Agora só penso nela. Quero fazer a festa de que ela sempre fala. A fama assusta um pouco. Ainda estou tentando entender como funciona — disse Lúcio, que hoje pode realizar alguns sonhos.
O copeiro celebridade é convidado do programa “Encontro com Fátima Bernardes”, da TV Globo. A apresentadora preparou uma surpresa para ele: além de conhecer o ídolo Ronaldo Fenômeno, que vai estar no programa, Lúcio ainda vai ganhar uma camisa autografada. Um presentão para o fã de futebol e fanático pelo Flamengo.
Tudo isso o que está acontecendo deixa Lúcio feliz e grato, mas uma coisa ainda o aborrece: a falta de consideração de alguns colegas de trabalho que ainda não lhe deram um tostão.
— Fico muito chateado com isso. Antes do prêmio, eles estavam aqui comigo, ganhando o mesmo salário que eu. Sempre disse que, se ganhasse, ajudaria todo mundo . Teve gente querendo dar só R$ 500 para dividirmos — lamenta o copeiro.
O grande sonho de Lúcio é tirar a família do aluguel. Ele mora com os pais, o sobrinho (que cria como filho) e a filha, numa casa humilde em Curicica, na Zona Oeste .
— Eu fiquei muito chateado de não poder ajudar a minhã mãe. Era a nossa chance — diz Lúcio.
A mãe, a diarista Dilma, disse que ficou muito nervosa e chegou a chamar o filho de burro, mas nega ter sido a sério:
— Não era para ser, infelizmente. Ia ser muito bom para a gente. Meu filho é um homem bom e com um grande coração. Se ele tivesse ganhado, ele teria ajudado todos, mas não foi dessa vez. Uma hora ela chega, tenho fé em Deus.
O trauma foi um aprendizado para a família toda. Agora, eles sempre jogam.
— Joguei na mesma Quina. Só que acertamos apenas o número que Eysheila escolheu. Acho que ela é um amuleto — brincou a avô da menina.

 

Um comentário:

Alberto disse...

O copeiro faz parte do imenso grupo de brasileiros que não ganharam o prêmio. Já que precisa de esmola é só pedir ao governo uma bolsa para perdedores das lotos.