Paraguaio forma ‘gabinete de restauração democrática’ e se considera ainda presidente
ASSUNÇÃO - Fortalecido pelo apoio em massa dos países da América do Sul, Fernando Lugo decidiu mudar sua estratégia após o impeachment e se reuniu nesta segunda-feira com todos seus ex-ministros, no que chamou de "gabinete de restauração democrática". Após o encontro, Lugo referiu a si mesmo como presidente paraguaio e confessou a vontade de voltar ao poder, indo contra o que prometera na sexta-feira, quando disse que iria acatar a decisão do Senado sobre seu impeachment.
- Fomos submetidos a um julgamento político e não vamos dar esse gosto aos promotores da morte, que provocaram a morte de camponeses e policiais - disse Lugo, lembrando do clima de tensão que se instaurou na sexta-feira, em frente ao Congresso, em Assunção.Ao ser perguntado sobre a mudança em sua postura, Lugo disse que preferiu se retirar de forma pacífica da Presidência para evitar que a violência se espalhasse pelo Paraguai.
Lugo ainda desautorizou o novo presidente Federico Franco e disse que não pretende atuar como mediador para restabelecer o apoio internacional ao Paraguai. O ex-bispo católico contou que vai explicar com detalhes o que aconteceu em Assunção na próxima cúpula do Mercosul, marcada para terça-feira, na Argentina.
- Há um descontentamento nacional e internacional. Não podemos esconder, por mais que digamos que não aconteceu nada aqui - disse Lugo. - Se não aconteceu nada, por que não convidam este novo governo para o Mercosul? Por que a retirada dos embaixadores?
Na coletiva de imprensa, após o encontro com seu antigo gabinete, Lugo ainda falou sobre a possibilidade de adiantar as eleições presidenciais marcadas para abril de 2013 como medida para aplacar a crise política. O novo governo, no entanto, rejeita esta opção.
O antigo gabinete de Lugo chegou às 6h (horário local) à sede do Partido País Solidário, no mesmo horário no qual o governo destituído costumava se encontrar durante sua gestão. O objetivo do "gabinete de restauração democrática" será de monitorar todas as ações do presidente Franco.
- Esta é uma demonstração de que Lugo continua sendo o presidente - disse seu ex-ministro de Habitação, Gerardo Rolón, ao jornal argentino “La Nación”.
Desde sexta-feira, o discurso de Lugo vem se endurecendo. Logo após a votação de seu impeachment, o ex-bispo adotou um tom pacificador, dizendo que respeitaria a decisão do Senado paraguaio e tentando acalmar os ânimos na capital, Assunção, onde pelo menos 2 mil camponeses se reuniam para apoiá-lo. Já no sábado, em uma entrevista coletiva improvisada, Lugo usou o termo "golpe de Estado parlamentar", o mesmo utilizado por Argentina, Equador e Venezuela para condenar a oposição paraguaia.
Enquanto isso, Federico Franco se prepara para fazer o juramento como novo presidente do Paraguai nesta manhã. Depois, o dirigente vai se reunir com 15 dos 17 governadores do país.
Um comentário:
Qual a diferença entre o Lugo e a democracia e o efeito estufa no aquecimento global? Quanto mais falam deles um vira herói sem méritos e o outro vilão sem provas.
Basta de marketing subvertendo a ética!!!
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