Relator diz que governador de Goiás estava ali como investigado, não testemunha
BRASÍLIA - A tropa de choque do PSDB, com apoio de PPS, DEM e o silêncio do PMDB, foi para o depoimento do governador tucano Marconi Perillo, na CPI mista de Carlinhos Cachoeira preparada para a guerra e protagonizou momentos tensos nas mais de nove horas da sessão. O clima azedou quando o relator da comissão, o petista Odair Cunha (MG), pediu para Perillo abrir seu sigilo bancário.
Para piorar a situação, Odair disse que o governador tucano estava ali como investigado, embora tenha sido convocado como testemunha. Tucanos e aliados reagiram aos berros, com dedos em riste e acusações de que o relator, que estava calmo na primeira fase do depoimento, tinha recebido orientação do ex-presidente Lula para endurecer.
— Não é de hoje que venho denunciando a eloquência com que o relator direciona para interesses de seu partido, para não dizer do ex-presidente Lula. Ele levou um puxão de orelhas de alguém lá de fora, por isso voltou assim — berrou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).
— Por que essa vontade apressada de investigar o PSDB? Temos de nos aviltar. Vossa Excelência não sabe a diferença entre investigado e testemunha! — completou o tucano.
O relator reagiu:
— Ele compareceu como testemunha numa investigação que estamos fazendo sobre Goiás e o Distrito Federal. Há seis pessoas do governo dele citadas nas investigações. É com base nisso que estamos inquirindo!
O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), tentou acalmar os ânimos. Pediu silêncio, mas os gritos eram mais fortes. Quando a situação voltou a uma calma relativa, outro bate-boca teve início. Dessa vez, coube ao deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) intervir. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) havia pedido para falar, mas prolongava sua intervenção, no que Luiz Sérgio protestou.
Foi o estopim para outro arranca-rabo. O senador Mario Couto (PSDB-PA), que nem pertence à CPI e é conhecido por bater na mesa e discursar aos berros, subiu o tom e disse que o colega podia falar quanto quisesse.
— Calado! —protestou Luiz Sérgio.
— Não é no grito. Quietinho! — insistiu o petista.
— Eu sou macho! — contra-argumentou Couto.
— Normalmente, os que gritam que são machos... — interveio Luiz Sérgio, em tom jocoso, sem terminar a frase.
Embora Perillo buscasse demonstrar tranquilidade, o clima foi tenso entre os parlamentares, sobretudo entre tucanos e petistas. Os tucanos compareceram em peso, incluindo parlamentares que nem são da CPI, como o primeiro-secretário do Senado, Cícero Lucena (PB), os senadores Aécio Neves (MG) e Flexa Ribeiro (PA), e vários deputados.
Aiança informal entre tucanos e peemedebistas
Os tucanos contaram com o apoio discreto do PMDB. Uma aliança informal entre os dois partidos foi feita para tentar evitar maiores desgastes de Perillo na CPI. A ação entre tucanos e peemedebistas garantiu que Vital do Rêgo comandasse a sessão para desfazer a hegemonia petista no palco principal da CPI, e também assegurar uma postura serena de peemedebistas na comissão, sem questionamentos constrangedores a Perillo.
A junção de forças dos dois partidos começou a ser desenhada quando o PT passou a apoiar a quebra do sigilo da Delta nacional, causando a irritação de peemedebistas, que acreditam que as informações derivadas daí podem respingar em contratos com o governo do Rio de Janeiro.
Peemedebistas se queixam do tratamento recebido pelo governo, que contribui para aprofundar a distância entre PMDB e PT na CPI.
— Desde o início, ficamos de fora porque não queremos servir ao PT nesta CPI, que está obcecado em desqualificar o mensalão, por meio da imprensa e do Ministério Público — afirmou ao GLOBO um cacique da legenda.
Vital do Rêgo, que estava de licença médica devido a um cateterismo pelo qual passou recentemente, foi acionado na segunda-feira pela cúpula do PMDB para que estivesse presente ao depoimento.
No depoimento desta quarta-feira, o PMDB não vai estender a mão ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). O partido, no entanto, tampouco pretende bombardeá-lo, o que seria “passar recibo”, nas palavras de um peemedebista. Petistas na CPI já acusaram o golpe e temem os resultados da sessão em que o governador do DF será ouvido.
4 comentários:
É muito estranho os auto proclamados machos sentirem TPM na CPM.
Você quis dizer CPI e não CPM.
Mais atenção.
O CHATO.
O título CPM se refere à Comissão Parlamentar Mista (Câmara e Senado).
Sr. Alberto, agradeço sua aula sobre siglas.
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