Ex-presidente afirma que só será candidato à Presidência se Dilma não quiser se reeleger
SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na noite desta quinta-feira no Programa do Ratinho, atração do SBT, onde chegou acompanhado do ex-ministro Fernando Haddad, pré-candidato do PT á prefeitura de São Paulo, e do também ex-ministro e prefeito de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, Luiz Marinho. Lula aproveitou o espaço para justificar a escolha de Haddad e fazer campanha para o colega de partido, enaltecendo os feitos dele à frente do Ministério da Educação. Haddad também chegou a responder algumas perguntas do apresentador. Lula não quis comentar as rusgas e recentes acusações do ministro Gilmar Mendes, do STF.
- Eu não quero entrar nesse tema, porque já falei em nota. Quem inventou a história, que prove a história. Eu acho que o tempo se encarrega - resumiu Lula.
Sobre Haddad, o ex-presidente foi enfático em alguns momentos, e se exaltou:
- Por uma razão muito simples (escolhi Haddad). Convivi com a Marta (Suplicy) por 30 anos. Ela foi uma belíssima prefeita em São Paulo. Mas achava que era o momento para apresentar uma coisa nova para a cidade de São Paulo. Acho que São Paulo precisa ter alguém. Ele vai passar para a história como o melhor ministro da Educação, o ministro do Prouni, que colocou um milhão de jovens da periferia na universidade.
- A população votará no novo porque ela quer mudança em São Paulo – disse Haddad, em sua fala no programa.
Sobre Dilma, o ex-presidente foi categórico:
- Trabalha como uma alucinada. Tem gente que não gostava e dizia: “O Lula escolheu um poste para sucedê-lo”. A presidente Dilma Rousseff vai estar muito forte no final do seu mandato, ela não só irá querer, como tentará a reeleição. Não há possibilidade de divergência entre nós dois. O Brasil precisa de uma mulher no governo federal. Eu serei cabo eleitoral para reelegê-la. A única hipótese de eu voltar é ela não querer s reeleger. Eu não vou permitir que um tucano volte à Presidência do Brasil.
Lula também falou sobre o diagnóstico do câncer na laringe:
- Eles (médicos) falaram de um câncer com 3 centímetros na corda vocal e eu fiquei com medo. Como eu iria sobreviver sem poder falar? – disse o ex-presidente, que, em um momento mais descontraído da conversa, comentou sobre o terno que estava usando no programa televisivo:
- Esse terno aqui eu comprei quando estava internado, preparando para por no caixão.
Lula foi recebido com aplausos pela plateia de Ratinho. Segundo o petista, essa era “a primeira entrevista dele depois de deixar a presidência da República”. Ele também comentou sobre a saúde no país.
- Saúde precisa de dinheiro. Tem gente que fala que é gestão. A oposição me derrubou, tiraram 40 bilhões por ano da CPMF para me prejudicar, mas prejudicaram o povo pobre desse país.
Sobre os efeitos do tratamento contra o câncer, Lula comentou:
- Primeiro, não é brincadeira. A quimioterapia é pesada, a radioterapia também. Tem de ter dedicação e disciplina para cumprir as regras estabelecidas pelos médicos. Estou levantando todos os dias 6h30m, estou com a perna esquerda sem mobilidade, estou com a garganta ruim. Vai demorar um mês, um mês e pouco para sarar. Vou participar da campanha.
Entre depoimentos gravados de Ronaldo Fenômeno e Zeca Pagodinho, Lula comentou que se preparou para deixar a presidência, mas sentiu logo após sair da vida pública:
- É uma coisa que ninguém está preparado (deixar a Presidência). Achava que estava preparado quando deixasse. O Sarney disse uma vez: “eu descobri que as portas tinham trinco quando eu deixei a Presidência”. Quando você é presidente, olha para um lugar e a pessoa vem te atender. Quando deixei a presidência, percebi que a segurança já não era a mesma. Mas tinha um general do meu lado. No dia seguinte você levanta e está com a dona Marisa, olhando um para a casa do outro: o que fazer? Quer um ovinho, então vá fritar!
Um comentário:
E é esse animal que pretende nos ensinar o que é democracia...
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