RIO - A Fifa decidiu adiar a viagem que o secretário-geral Jérôme Valcke faria ao Brasil na semana que vem até que o governo brasileiro marque o encontro da presidente Dilma Rousseff com o presidente da entidade, Joseph Blatter. Valcke chegaria ao país na segunda-feira para vistoriar, com membros da Fifa, os estádios de Recife, Rio, Brasília e Cuiabá. Dois dias depois ele se reuniria com Ronaldo e Bebeto, membros do Comitê Organizador Local (COL), mas esa agenda também foi suspensa. O nome de Ricardo Teixeira, que se licenciou da presidência da CBF, mas não do COL, não é mencionado no comunicado.
Em carta enviada nesta semana, Blatter pediu que o encontro com Dilma fosse realizado o mais rápido possível. Nesta sexta, Blatter enviou uma nova carta ao governo brasileira pedindo mais uma vez que o encontro fosse agendado. A ideia inicial era que ele fosse realizado na semana que vem. Como a data não foi marcada, a Fifa, em retaliação, decidiu suspender qualquer atividade relativa à Copa.
As relações entre a Fifa e o governo brasileiro vêm se desgastando desde a semana passada, quando Valcke afirmou que o Brasil precisava de um chute no traseiro para acelerar as obras para o Mundial. A declaração irritou o governo brasileiro, que, através do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, chegou a anunciar que não iria mais aceitar que Valcke fosse o interlocutor da Fifa no país para tratar do Mundial. Ao mesmo tempo, o secretário da presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, chamou o secretário-geral da Fifa de “vagabundo”.
Valcke acabou pedindo desculpas. Blatter também pediu desculpas e, em carta, pediu uma reunião com Dilma. Elas foram aceitas pelo governo brasileiro, mas o próprio Aldo, em entrevista ao GLOBO, não sabia responder se os atritos recentes iriam afetar a relação do governo brasileiro com a Fifa.
- Só vamos saber depois - afirmou o ministro.
Na mesma entrevista, Aldo disse que não haveria risco de o Brasil deixar de ser a sede da Copa.
- Não houve, não há e não creio que haverá.
Leia a íntegra do comunicado da Fifa:
“O presidente da FIFA, Joseph S. Blatter, escreveu pessoalmente hoje (sexta-feira, 09 de Março de 2012) uma carta à presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, com o objetivo de marcar uma data para a reunião acordada. Tal ato dá sequência à confirmação da reunião feita pelo Ministro do Esporte em sua carta de ontem. Consequentemente, a segunda parte da visita da FIFA e do COL às Sedes de Recife, Brasília e Cuiabá, liderada pelo secretário-geral da FIFA Jérôme Valcke, por Ronaldo e por Bebeto, inicialmente marcada para a próxima semana, agora será reagendada para após o encontro com a presidenta Dilma Rousseff.”
Um comentário:
O governo brasileiro não é patrocinador da Copa do Mundo. Este evento é promovido pela FIFA com o apoio de organizações do país sede sejam elas entidades privadas ou ONGs. Caso o governo brasileiro ache que numa deferência especial deva receber o alemão pode fazê-lo.
Não tem cabimento a exigência de ser recebido pela presidente. Se for recebido pelo Ministro do Esporte já está de bom tamanho. O Brasil não é casa da mãe Joana!
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