O Putin, não sei se já prestaram atenção, tem um andar de malandro. É um jeito de balançar o braço quando caminha que, combinado com um meio sorriso de eterna autossatisfação, lembra um galã de arrabalde desfilando pras moças. Ele pratica artes marciais e gosta de ser fotografado sem camisa e que saibam que é um caçador de ursos, que presumivelmente abraça até a submissão. Dizem que deve seu poder aos podres que sabia de todo o mundo, do tempo em que chefiava o KGB, mas fez sua carreira com grande habilidade política, e acaba de voltar à presidência da Rússia no lugar do seu indicado Medvedev, que o substituiu e de quem foi primeiro-ministro. E que só ficou esquentando a cadeira para a sua volta.
Putin, portanto, é mais um mistério russo. Até hoje o mundo não conseguiu decifrar bem aquela imensa terra de místicos e aristocratas, onde um primitivismo quase bárbaro convivia com uma cultura extraordinária e que nunca se decidia entre ser ocidental ou ser asiática. A própria experiência comunista só enfatizou o enigma. Grande parte da armação teórica da revolução partiu da "intelligentsia" russa, mas não havia lugar mais improvável para uma revolução proletária do que a Rússia, com sua tradição de servos hereditários e submissos e seu feudalismo medieval. O próprio Marx levou um susto. Um dos problemas do Ocidente na sua relação com a União Soviética durante a Guerra Fria era nunca saber se estava tratando com o comunismo soviético ou com o anacronismo russo, passional e imprevisível. Um diplomata americano, na época, resumiu a questão. Disse que o que precisava ser levado em conta no confronto com a União Soviética, antes de diferenças ideológicas e de modelos políticos, era que os russos eram naturalmente ruins. O "Império do Mal", nas palavras do Ronald Reagan, seria do mal mesmo sem o comunismo. De tais simplificações era feita a política externa americana. Quando o comunismo caiu a Rússia adotou o capitalismo selvagem sem nem um período de adaptação. Talvez seja mesmo um caso de caráter nacional.
Especula-se que Putin quer ficar no poder, talvez revezando-se com o parceiro Medvedev até os dois não poderem mais dançar. Mas quem entende a Rússia?
Putin, portanto, é mais um mistério russo. Até hoje o mundo não conseguiu decifrar bem aquela imensa terra de místicos e aristocratas, onde um primitivismo quase bárbaro convivia com uma cultura extraordinária e que nunca se decidia entre ser ocidental ou ser asiática. A própria experiência comunista só enfatizou o enigma. Grande parte da armação teórica da revolução partiu da "intelligentsia" russa, mas não havia lugar mais improvável para uma revolução proletária do que a Rússia, com sua tradição de servos hereditários e submissos e seu feudalismo medieval. O próprio Marx levou um susto. Um dos problemas do Ocidente na sua relação com a União Soviética durante a Guerra Fria era nunca saber se estava tratando com o comunismo soviético ou com o anacronismo russo, passional e imprevisível. Um diplomata americano, na época, resumiu a questão. Disse que o que precisava ser levado em conta no confronto com a União Soviética, antes de diferenças ideológicas e de modelos políticos, era que os russos eram naturalmente ruins. O "Império do Mal", nas palavras do Ronald Reagan, seria do mal mesmo sem o comunismo. De tais simplificações era feita a política externa americana. Quando o comunismo caiu a Rússia adotou o capitalismo selvagem sem nem um período de adaptação. Talvez seja mesmo um caso de caráter nacional.
Especula-se que Putin quer ficar no poder, talvez revezando-se com o parceiro Medvedev até os dois não poderem mais dançar. Mas quem entende a Rússia?
Um comentário:
Põe enigma nisso. Um país submetido ao tacão autoritário comunista por quase um século não deveria produzir tantas obras de arte na literatura, na música, na pintura, no balé etc.
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