terça-feira, 13 de março de 2012

Obama: Massacre no Afeganistão é trágico e chocante




Homens investigam uma das casas invadidas pelo militar americano: nove crianças e três mulheres morreram
Foto: Reuters

Homens investigam uma das casas invadidas pelo militar americano: nove crianças e três mulheres morreramREUTERS
CABUL — O presidente Barack Obama disse neste domingo que a morte de 15 afegãos, assassinados por um soldado americano na província de Kandahar, é um incidente “trágico e chocante”. O presidente afegão, Hamid Karzai, por sua vez, afirmou que o episódio é “imperdoável” e exigiu explicações da Otan e dos EUA.
“Este incidente é trágico e chocante e não representa a qualidade excepcional de nossa força militar e o respeito que os Estados Unidos têm para com o povo do Afeganistão”, disse Obama em um comunicado divulgado pela Casa Branca, declarando-se ainda “profundamente entristecido” com o episódio.
Obama ainda assegurou a Karzai, com quem falou mais cedo por telefone, seu compromisso “em apurar os fatos o mais rápido possível e julgar os responsáveis.
O general John Allen, o comandante dos EUA no Afeganistão, divulgou um comunicado prometendo uma "investigação rápida e completa" no tiroteio, e disse que o soldado permanecerá sob custódia dos EUA.
“O governo condenou reiteradamente operações realizadas em nome da guerra contra o terror, que causam perdas civis. Mas, quando afegãos são mortos deliberadamente por forças americanas, trata-se de um assassinato e de uma ação imperdoável”, afirmou o presidente afegão em um comunicado.
Um soldado americano abriu fogo contra civis nesta madrugada. Segundo moradores do bairro rural de Panjway, palco do tiroteio, o militar atirou em várias casas perto de uma base americana no local. Ao menos 15 pessoas morreram, incluindo três mulheres e nove crianças. O atirador foi detido em uma base da Otan, e o Exército americano investiga a causa do incidente. Segundo a BBC, o soldado teria sofrido uma crise nervosa, mas Karzai classificou a matança como “intencional”.
— Este é um incidente profundamente lamentável, e nós estendemos nossos pensamentos a todas as família envolvidas — disse o governador de Kandahar, Tooryalai Weesa.
O incidente aumentou o medo de retaliações contra americanos no país. O secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, disse estar “profundamente triste” e garantiu que vai monitorar de “perto” o caso. Mais tarde, Panetta ligou para o presidente afegão para condenar o ataque e oferecer condolências. O episódio acontece em meio à escalada do sentimento antiamericano no país. Além disso, a Casa Branca e o Pentágono buscam negociar com Cabul a retirada das tropas da Otan até 2014 para evitar que o país mergulhe em uma crise política após a saída americana.
Segundo fontes, o atirador deixou a base militar por volta das 3h da madrugada e teria entrado e disparado contra três casas. Ele teria sido detido enquanto voltava para o quartel. A Otan disse que vai abrir uma investigação sobre o caso em colaboração com autoridades afegãs.
Problemas com civis têm sido motivo de grandes desentendimentos entre o governo de Cabul e a coalização liderada pelos EUA e a Otan no país. No mês passado, afegãos se rebelaram depois que soldados da Otan queimaram cópias do Alcorão. Trinta pessoas e seis soldados americanos morreram nos protestos. Kandahar, além disso, é um dos maiores redutos talibãs do Afeganistão.

Um comentário:

Alberto disse...

A única solução para mortes provenientes da confrontação entre forças invasoras e residentes é a retirada dos invasores. Aí os residentes voltam a matar uns aos outros.
Pedir desculpas e apurações rápidas não trazem os mortos de volta.