Merval Pereira, O Globo
O mais provável é que até o dia 23 de abril o quadro político brasileiro continue instável como está, à espera de uma definição sobre a situação da saúde do ex-presidente Lula. Nesse dia os médicos do Hospital Sírio-Libanês em São Paulo farão os exames que definirão se será preciso continuar o tratamento do câncer na laringe de Lula ou se o tumor desapareceu por efeito da quimioterapia e da radioterapia.
O ex-presidente já é capaz de receber líderes políticos selecionados, está recuperando alguns quilos perdidos durante o tratamento e ainda fala com dificuldade devido à inflamação no local da doença.
Se tudo der certo, Lula retomará as rédeas da situação política, e a inquietação na base aliada do governo tenderá a ser controlada.
O que está acontecendo neste momento é uma mistura de estranhamento dos políticos à maneira brusca com que a presidente Dilma decidiu conduzir as negociações partidárias com uma desconfiança de que Lula não retornará à vida política com o vigor anterior, o que daria margem a vários movimentos no interior dos partidos, a começar pelo próprio PT.
Políticos são como o mercado financeiro: trabalham com rumores e precificam consequências futuras desses mesmos rumores.
Passam a vida tentando antecipar para onde o vento do poder está soprando para poder se posicionar, a favor ou contra, mas sempre com o olho na próxima eleição.
Anos eleitorais, então, são pródigos em mudanças de lado, a partir de pesquisas de opinião e do contato direto com as chamadas “bases”.
Um comentário:
Dependendo do estado de saúde do assessor Lula sua atuação pode ser mais ou menos intensa.
Assessor assessora, presidente decide.
Será que estão secando o Lula? Como sabemos os que esperavam por Godot ficaram a ver navios.
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