terça-feira, 29 de setembro de 2009

Uma Conversa Sobre Eleições - Paulo Guedes

"O próximo presidente será o Lula", disparou Carlos Augusto Montenegro, do Ibope, em meu escritório no final de 2001. Um ano antes das eleições, a previsão certeira provocou expressões de incredulidade entre os presentes. Agora em 2009, em caminhada pela praia neste fim de semana e também um ano antes das eleições. Montenegro formula seus prognósticos para 2010.
Em sua avaliação, Lula sai do Palácio pela porta da frente, e entra na Hiatória, junto de Vargas e Juscelino, como um dos melhores presidentes que tivemos. Resistiu ao imperativo oportunista de esticar o mandato. Estaria outra vez reeleito, mas teve a maturidade de não se aventurar no script bolivariano, apesar da fragilidade do Congresso em meio aos escândalos, dando extraordinária contribuição à democracia brasileira.
Montenegro atribui as dificuldades de uma candidatura presidencial do PT aos escândalos em torno de práticas político-administrativas inacetáveis, que atingiram o partido e derrubaram seus potenciais candidatos de maior visibilidade eleitoral. O que deixou sua candidataem desvantagem no confronto de currículos com alternativas muito experientes, de carreiras políticas consistentes e de boa densidade eleitoral.
"Serra foi prefeito, deputado, governador, senador, ministro e candidato a presidente. Aécio é de boa estirpe e fez dois ótimos governos em um estado eleitoralmente decisivo. Ciro derrubou o coronelismo no Ceará também em dois governos de ótima qualidade. Foi deputado federal, ministro r já disputou duas campanhas presidenciais. Marina Silva foi depitada estadual, senadora e ministra, mulher como Hillary Clinton, com a cor de Barack Obama, com origem humilde similsr s de Lula e com mais do que uma agenda, uma coerente história de vida em defesa do meio ambiente. São curriculos políticos robustos, fazendo parecer uma criação artificial a candidatura situacionista", explica Montenegro.
E prossegue: "Seria natural o esfriamento das eleições presidencais por várias razões. À medida que se consolida a democracia, tornam-se corriqueiras as eleições a cada dois anos. Trata-se da primeira eleição sem Lula, e com o PT mais prático, despertando menos paixão. A própria lei eleitoral está bem mais rógida em relação a propaganda. Os escândalos afastaram os financiadores de campanha, tanto pessoa fídica quanto jurídica. Outro fator é a crescente utilização da internet, um instrumento poderoso, mas sem o calor das ruas.
Para Montenegro, a ascensão de Marina Silva nas pesquisas de opinião mudou radicalmente o quadro eleitoral. Foi quando Ciro Gomes também começou a subir, denunciando práticas poíticas do Antigo Regime e qualificando como imoral e oportunista a aliança do PT com o PMDB. O verde de Marina e a indignação de Ciro injetaram emoção na campanha e desarmaram o quadro anterior aparentemente congelado entre as candidaturas Dilma e Serra.

2 comentários:

AAreal disse...

Então Montenegro só afirma que o Fluminense cai pra segundona.

Alberto del Castillo disse...

É difícil acreditar que o Lula, com a gigantesca aprovação popular que detém, pegue o chapéu e saia pela porta da frente aguardando quatro anos para voltar à cena política.
O último que fez isso, Juscelino Kubitschek, não voltou.
Está claro que eleger a Dilma é uma missão impossível. A insistência em apoiar a perdedora indica que o Lula tem um plano B. Entre as muitas alternativas vemos a possibilidade de uma virada de mesa a la Janio ou um pacto por baixo da mesa com o Serra para preparar sua volta. Esta última alternativa salta aos olhos quando observamos que a presença da Dilma é um fato que tem reforçado muito a posição de liderança do Serra.