No Brasil, o que um pobre gasta em um ano é o mesmo gasto por um rico - que faz parte de 1% da população - em três dias. A constatação é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que divulgou nesta quinta-feira uma análise com base nos dados apresentados na semana passada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio (Pnad) relativa ao ano de 2008.
- Apesar de estar registrando desde 2001 queda da desigualdade social num ritmo realmente bom, o Brasil ainda é um monumento à desigualdade. Aqui, uma família considerada pobre leva um ano para gastar o mesmo que o 1% mais rico gasta em apenas três dias - informa o pesquisador do Ipea, Sergei Soares.
Para medir o índice de desigualdade do país, o Ipea adotou o chamado índice de Gini, que varia de zero a um. Quanto mais próximo de um for esse índice, menos justa é a distribuição de renda da sociedade. Em 2001, o índice de Gini no Brasil estava em 0,594. Desde então, vem caindo ano a ano, e chegou a 0,544 em 2008.
Sergei explica que mantendo essa tendência recente de redução da desigualdade registrada nos últimos anos, que em média foi de -0,007, "o Brasil levará 20 anos para chegar a um patamar que pode ser considerado justo". Segundo ele, isso corresponde a um valor de 0,40 no índice de Gini.
O pesquisador sugere que o governo "continue fazendo mais do mesmo", estimulando programas como o Bolsa Família e o aumento do salário mínimo, e invista em educação e estimule a formalidade no mercado de trabalho.
- Para acelerar esse processo é necessário que façamos mais do que apenas olhar as coisas positivas que têm sido feitas. O indicado é que o país atue de forma a melhorar o sistema educacional e a reduzir a informalidade - afirmou.
- E, claro, isso envolve também medidas que objetivem também a redução da desigualdade racial e regional do país.
Um comentário:
Este índice de Gini não é um valor absoluto para medição de distribuição de riqueza. Sua utilidade é medir o afastamento entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres. A desigualdade social histórica de nosso país, com pequenas flutuações, sempre seguiu a seguinte tabela de distribuição de receitas:
1% mais rico detem 13% da renda
9% seguintes detém 36% da renda
40% seguintes detém 38% da renda
50% seguintes detém 13% da renda
Os 10% mais ricos ficam com 39% e os 50% mais pobres ficam com 13%
Se os números atuais não modificarem esta distribuição não houve uma queda real da desigualdade social e todo este oba oba não passa de fogos de artifício.
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