Missing the Point - Fernanda Argento
Tenho acompanhado neste Blog as discussões acaloradas sobre a eleição de Barak Obama. Penso que estamos misturando alhos com bugalhos. Uma coisa é a eleição histórica de um homem negro para a presidência de um país onde, há menos de 50 anos, não se permitia voto de negros, uso das mesmas ‘facilities’, etc…Não faz muito tempo, existia nos EUA a KKK. (talvez ainda exista) Isto é um fato histórico, os americanos tiveram a coragem, o peito de se reinventarem frente a um mundo atônito. Elegeram, com participação recorde, um negro para ser ‘Comander in chief”. Fato histórico, memorável, belo, chocante. (Assim como foi histórico elegermos um torneiro mecânico, sem escolaridade, num país onde, sabidamente, só as elites têm vez).Se esse presidente é protecionista ou não, se falou em propostas que nos ajudariam, aos brasileiros, ao nosso comércio, isso é outra coisa. Uma coisa é certa, qualquer melhora na situação econômica americana, melhora também a situação econômica de todos os outros países. Ou não? Se a eleição, em si, não nos favorece em nada, como dizem Clara e Jorge Eduardo, a resolução dessa crise, nos favorece e MUITO, da mesma forma que a crise gerada em Wall Street nos prejudicou e a todo o mundo MUITO também.
A História é Escrita pelos Vencedores – Fernando Caldeira
Gosto de história, particularmente da contemporânea, quase jornalística.
No momento estou lendo, com imenso prazer, "PÓS-GUERRA - Uma história da Europa desde 1945" de Tony Judt. Ed. Objetiva. Há alguns anos li, com prazer ainda maior, os livros do Elio Caspari: Ditadura Envergonha, ... Escancarada e ...Encurralada. Trabalhos feitos com notável equilíbrio. Uma obra a serviço da História e não um panfleto tardio. (Gaspari perdeu-se um pouco no volume "dedicado" ao Geisel e ainda não nos brindou com o lamentável período Figueiredo). Mas o dia de hoje (24.11.08) brindou-me com muito material: Pela manhã, vou a O Globo e leio o excelente artigo "MEMÓRIA" de Denis Lerrer Rosenfield - professor de filosofia da UFRGS. O destaque dos editores, neste artigo, é "Nada justifica que os cidadãos não tenham acesso a um período de sua história". O autor fala do erro que é o não abrir os arquivos da ditadura e de uma de suas conseqüências, o "bolsa-ditadura". Afinal, como diz o autor, e é sabido pela "torcida do flamengo", os que se reivindicam da "resistência" da "ditadura militar" lutavam pela causa que escolheram: "socialismo", "comunismo", "ditadura do proletariado". Em um momento Denis Rosenfield diz: "Imaginem se Lênin e Trotsky, tendo fracassado em sua tentativa de derrubar o regime czarista, viessem a pleitear, anos depois, uma "bolsa-ditadura", resultante do seu insucesso. As autoridades governamentais russas deveriam pagar por não terem sido derrubadas e assassinadas!" Depois desta leitura, abro meu e-mail e encontro uma reação às recentes homenagens ao neo-herói João Cândido, que não comento. Quem se der ao trabalho de ler isso tudo talvez concorde comigo que os vencedores de plantão estão neste momento escrevendo (ou seria rabiscando, garatujando?) sua versão da história (com minúscula mesmo!). Chego a imaginar como tudo isso estará apresentado nas cartilhas que serão empurradas goela abaixo a nossos filhos e netos. Mas se não concordar, não ouse imaginar/dizer (como uma forma de fuga!) que fui, sou ou serei a favor da chibata, da ditadura, da censura, da falta de liberdade, da opressão,... Afinal quem não tem o hábito do livre-pensar costuma ser rápido no gatilho para rotular.
*Fernando Caldeira é não-historiador, não-filósofo, não-cientista-político.É um não-tudo, dos anos de bolsa-tudo.
A Crise Financeira Americana - Os Reflexos no Brasil - Márcio Cavour
Com a crise havida no sistema financeiro americano, muitos bancos e investidores que tinham investimentos no Brasil foram obrigados a tirar o dinheiro aplicado aqui, na Bolsa ou em outros tipos de investimento, porque passaram a precisar do dinheiro lá. Por isso, principalmente, a Bolsa aqui despencou.
A crise no sistema financeiro gerou uma diminuição da capacidade dos bancos em continuarem a emprestar para o setor produtivo. Isso gerou um efeito cascata, uma vez que as indústrias e o comércio passaram a ter dificuldades em continuar a obter empréstimos para financiarem suas atividades.
Com a diminuição dessas atividades, as empresas começaram a demitir, a dar férias coletivas para diminuir a produção e os seus estoques e tentarem novos tipos de promoções para facilitar o consumo.
Até o Presidente Lula veio a público pedir para as pessoas continuarem a consumir.
Seria uma forma de manter viva a atividade econômica e diminuir o impacto sobre toda a cadeia produtiva. O noticiário mostrando a crise faz com que as pessoas se encolham, deixem de comprar com medo de também virem a perder seus empregos e não terem como pagar compromissos que em condições normais assumiriam tranqüilamente. Existe, assim , um efeito psicológico que contribui para agravar a crise.
Mas o problema nas montadoras americanas não tem nada a ver com o Brasil.
Há muitos anos se sabe que as montadoras americanas estão obsoletas, continuando a produzir carros ineficientes e pouco econômicos.
Mesmo antes da crise se previa que neste ano provavelmente a General Motors perderia o posto de maior fabricante mundial para a Toyota. Há gente boa , como o Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia deste ano, que arrisca dizer que as grandes montadoras americanas poderão desaparecer em alguns anos.
A ajuda que será dada a elas pelo Governo será um paliativo.
Os Safardanas - Lauro Freitas
Nos jornais de hoje é noticiada mais uma falcatrua, que supera os 100 milhões de reais. Licitações de compra de medicamentos para hospitais públicos nos quais falta tudo, não por falta de dinheiro e sim por falta de cadeia para esses safardanas. Foram presos mas logo, como sempre, serão soltos por força de uma das liminares cujo estoque, no judiciário, não falta. A nós falta sangue nas veias para efetivamente protestarmos de forma veemente.
Se um infeliz, que nasceu e cresceu na mais absoluta miséria, com o cérebro danificado para sempre por falta de alimentos, por neuroses e outros problemas psiquiátricos assalta e mata, não tem liminar, recursos jurídicos, nem mesmo advogados, vai mofar na cadeia por muitos anos e está certo que assim seja. Lamentavelmente, pelas condições em que se encontra a cabeça do sujeito, mas está certo. Se um bando de privilegiados, a maioria deles nascidos em classes abastadas e criados com babás e papinhas importadas, estudando nos melhores colégios, freqüentando os melhores clubes, fazendo curso superior e "Emibiei" se reúne em seus escritórios refrigerados de dia para arquitetar o roubo de remédios dos pobres, e à noite finalizam os seu planos em prostíbulos, aí nada acontece, no máximo são incomodados durante um curto espaço de tempo para prestar alguns (poucos) depoimentos.
Adiante. O infeliz que roubou e assassinou uma pessoa - no ato, de uma forma ou de outra sempre colocou em risco a própria vida, vai pagar. Ao bando, como no caso concreto das manchetes de hoje, que com o seu articulado e bem estudado roubo - que tem como conseqüência milhares de mortes de pessoas, sempre muito pobres, crianças e velhos, que são os que mais precisam de remédios dos hospitais públicos, nada acontecerá, como nunca aconteceu. A propósito: do bando dos sanguessugas alguém está em cana?
Vivemos num país infelicitado e nada estamos fazendo. Todos somos culpados, a começar por mim, no mínimo por vergonhosa omissão.
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