“A colonização portuguesa do Brasil foi caracterizada pela inépcia, pela estupidez e pela salacidade pegajenta. Uma enxúndia!” Essa afirmação foi feita por um dos grandes escritores brasileiros do século passado, da turma dos sociólogos que 4procuraram explicar a formação da nação brasileira.
Se formos buscar em outros autores pátrios e estrangeiros que discorreram sobre a história do Brasil, desde a chegada de Cabral, não vamos encontrar revelações diferentes: de 1500 a 1808 a Terra de Santa Cruz só recebeu a pior parte do povo lusitano. Criminosos condenados, facínoras, degenerados, renegados violentos, homens e mulheres de maus costumes teriam vindo ocupar as terras de Suas Majestades, garantindo para Portugal a posse deste vasto território, desestimulando a vinda de aventureiros de outros países europeus.
E o que se viu, então, foram trezentos anos de exploração insaciável das riquezas cá existentes; de escravização cruel dos nativos; de violência sexual e física; de safadeza generalizada.
Em 1808, com a chegada da Corte portuguesa e todos os “colarinhos brancos” de Lisboa a mentalidade colonialista continuou a mesma. Muitas comodidades foram criadas para o conforto da nobreza afugentada, agora com a proteção da Inglaterra e o capital inglês, que não se fez de rogado e dominou a nossa economia por muitas décadas. Claro, com a cooperação despudorada de ilustres políticos e empresários conterrâneos. Daí a origem das “tradicionais famílias” brasileiras.
Em meados do século XX teríamos mudado de dono e passado a ser dominados pelo capitalismo norte-americano até hoje.
Esta seria a nossa triste história.
Mas existem histórias piores! Olhemos para a África: o que foi que fizeram ingleses, franceses, holandeses, italianos, belgas, alemães, russos, espanhóis, portugueses também, com esse imenso continente? Exploração insaciável, atos de barbárie, genocídios, regimes de escravidão absoluta, manipulação insidiosa dos povos, jogando uns contra os outros e promovendo guerras fratricidas de crueldade indescritível.
E o que fizeram os ingleses com a Índia e com a China? E o que fizeram os vitoriosos da primeira guerra mundial com os países do Oriente? Partiram e repartiram e ficaram com a melhor parte.
E os ingleses na Oceania?
E os espanhóis em toda a América Latina? Desde o México, passando pela América Central até o cone sul, todos os países de fala espanhola conheceram também a mão de ferro dos conquistadores e dos vice-reis. Violentaram tradições e culturas seculares, matando e escravizando os resistentes como fizeram os colonialismos de todo o mundo.
Posteriormente, simulada ou descaradamente, os Estados Unidos viriam substituir os europeus, agora de uma forma mais sofisticada, mas não menos odiosa: a dominação econômica. O México e todos, ou quase todos, os países da América Central, do Caribe e da América do Sul se tornaram dependentes dos americanos, verdadeiras filiais das grandes corporações multinacionais, garantidas militarmente pelos ditadores fantoches.
E a panacéia social comunista? Um século de enganos, bazófias e massacres populares, na Rússia e nos países satélites, para no final se entregar o que restou do bolo (e que não é pouco!) para organizações mafiosas, bandidos da pior espécie, cujos tentáculos já se fazem presentes em instituições de todo o mundo.
E assim chegamos a 2008! Com um crescimento econômico mundial fantástico em benefício de uma minoria e uma desigualdade social mais fantástica ainda que atinge
a grande maioria da humanidade.
Para minimizar a culpa de séculos e séculos de esfolamento dos povos subjugados, inventaram-se as ONGs. Com caixa 2 e muitos benefícios fiscais. Os estabelecidos preocupados com os excluídos. Preocupados ou temerosos?
E daí? Vamos sentar e chorar? Ou vamos quebrar o pau? Fazer revolução, derrubar governos? Aplaudir o terrorismo, esse monstro gerado nas entranhas das diversas formas de domínio e sujeição, de crueldade e humilhação a que foram submetidos centenas de povos? Vamos deixar estar para ver como é que fica?
(Amanhã, 2a e última parte)
Um comentário:
O texto é muito bom, tristemente realista e despertou minha curiosidade pelas conclusões amanhã.
Depois de ler a matéria, me perguntei qual a razão de ilustrar com a imagem do cetáceo Faustão.
Foi por acaso que passando a setinha do mouse ela virou na mãozinha. Cliquei e entrou uma propaganda de Chevrolet!
Achei até irônico ilustrar ao pé da letra o artigo: com propaganda anônima e desonesta.
Cuidado Roberto, com os tentáciulos da publicidade. Quando menos se espera ela ataca sem dó nem piedade.
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