quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Eu e Ney Lopes



Trecho da matéria publicada no Bob’s Blog em 7/11
O racismo americano sempre foi declarado, aberto, escancarado, portanto, por mais absurdo que possa parecer, mais leal. Pelo menos mais leal do que o nosso racismo, que se esconde, se fantasia, e dá as caras em avisos sutis do tipo “empregadas domésticas, elevador de serviço”. A propósito: Quantos garçons negros você já viu ? E atendentes em lojas de grifes nos Shoppings ?
Ney Lopes, (foto) representante da raça negra e expoente da cultura popular brasileira:
(O Globo, Ancelmo Goes, em 9/11)
Em termos de direitos civis, o Brasil está atrasado em relação aos EUA, pelo menos, uns 40 anos. E isso porque lá a questão foi sempre colocada abertamente, sem hipocrisia. E aqui, até hoje, ainda tem gente que acredita em democracia racial; e que nós mesmos é que somos culpados de nosso atraso. Para acabar com o racismo, é preciso admitir que, embora o conceito de raça seja furado, o racismo existe. Nos EUA, a segregação fez com que os negros se conscientizassem e procurassem seu caminho. Aqui, nós fomos sempre iludidos com esta mentira de “país mestiço”. E aí nada se resolveu até hoje.

4 comentários:

Fernanda disse...

Uma dica de leitura sobre o assunto:
O livro de Ali Kamel, diretor executivo de jornalismo da Rede Globo, Não Somos Racistas (Nova Fronteira; 144 páginas; 22 reais).
E no site:

http://www.georgezarur.com.br/pagina.php/147 você encontra uma boa resenha sobre esse livro.

Anônimo disse...

Estou perplexo com as adjetivações aplicadas ao racismo.
A comparação do racismo brasileiro com o americano é mais uma demonstração do mazombismo nacional apregoado por Vianna Moog em "Bandeirantes e Pioneiros" pelo qual os brasileiros sempre se colocam em posição inferior ao estrangeiro.
A atribuição de lealdade a qualquer manifestação do racismo é uma postura trágica. O racismo como apreciação científica deve ser considerado verdadeiro ou falso e nada mais. Não tem caráter, padrões estéticos, cheiro, cor ou qualquer outra fantasia da imaginação.
Aos que ainda têm dúvidas sugiro a leitura do livro "O Homem, uma Introdução a Antropologia" de Ralph Linton

Roberto Argento Filho disse...

Onde você esconde seu racismo? Vejam a campanha e pensem.

http://www.dialogoscontraoracismo.org.br/

carlos eduardo alves de souza disse...

Nos Estados Unidos basta, creio, ter 1/8 de sangue negro para ser considerado negro. Se fossemos aplicar esse critério no Brasil, teríamos, aí sim, hoje, uma população como aquela que descreviam os viajantes estrangeiros que chegavam à Bahia no seculo XVIII e que diziam tratar-se, quase, de uma cidade africana. Mas não, este não é o quadro que se observa no nosso país. É o de um caldeirão social que se vem formando com crescente harmonia, o que contribui eficientemente para elimininar o preconceito contra os negros.Isto vinha sendo assim, até chegar a importação das atitudes conflitivas dos negros americanos, o chamado black pride e seus modismos. Creio, contudo, que não frutificarão esses modismos, pois o processo de miscigenação caminhará sempre muito mais rápido e apenas uma minoria politizada e radical continuará a falar em discriminação racial no Brasil.