segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Estresse Pós-Traumático



“Eles acordavam sobressaltados, se escondiam embaixo da cama. Levavam as mãos trêmulas aos ouvidos, tentando não escutar o tonitruante som dos helicópteros sobrevoando suas casas. Suavam abundantemente e sentiam uma forte dor no peito. Aos poucos, se acalmavam e se davam conta da realidade. Caminhavam ainda trôpegos pela casa e chegavam à cozinha, onde as esposas, com o liquidificador ligado trituravam frutas para a sua vitamina matinal”.
Encontro Ivanildo, excitadíssimo, lendo em voz alta. Finjo que não vejo o fascículo número 2 do curso de Psicologia Freudiana e pergunto:
- Algum romance de terror, Ivanildo ?
- Claro que não, chefe. Este é o capítulo do estresse pós-traumático. A pessoa viveu uma experiência terrível, mas saiu ileso. Só que as sensações ficaram gravadas em seus neurônios e qualquer acontecimento que se pareça com a experiência vivida levam-na ao tal estresse pós-traumático.
Estou sonhando, penso. Este não é o Ivanildo.
É, sim. Não só é, como continua:
- Isto aconteceu com os soldados que voltavam da guerra do Vietnã. Claro que os helicópteros eram o liquidificador. Os psiquiatras americanos descreveram a doença e a chamaram de estresse pós-traumático.
Estou literalmente paralisado. E, quando acho que acabou, vem o gran-finale.
- O exercício deste fascículo é encontrar um fato atual que reflita um estresse pós-traumático.
Um suspense de 5 segundos:
- E eu já encontrei. Aconteceu no dia 19. O Governador do Distrito Federal convidou o Presidente Lula para ir à inauguração do Estádio de Futebol no Gama, assistir ao jogo de futebol entre Brasil e Portugal. Mas, o Presidente não foi. Por quê ?
Concluo que é uma pergunta retórica e não respondo.
- Simples, chefe. Lula estava se lembrando da enorme vaia que recebeu no Maracanã, no Rio, em julho de 2007, na abertura dos Jogos Pan-Americanos.

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