Celso Russomano tem 35% das intenções de voto como candidato a prefeito em São Paulo e segundo os institutos de pesquisa vai subindo devagar e sempre.
E ganharia de qualquer um dos adversários de acordo com as simulações de segundo turno.
O segundo colocado é José Serra, que vai baixando devagar e sempre e o terceiro é o ungido do Líder Supremo, Fernando Haddad, que está enfrentando algumas dificuldades até para chegar à média do patamar histórico que os petistas costumam atingir em São Paulo.
Desconhecido, ma non troppo. Ainda mais agora que a senadora Marta Suplicy, depois de fazer beicinho, resolveu apresentá-lo ao distinto público: na falta de Marta, vai esse moço mesmo.
Um cenário que deixa os “especialistas” intrigados, com uma pulga atrás da orelha. Afinal, Russomano, apesar de ser uma espécie de sub-astro de TV, nao é nenhum campeão de popularidade.
Ele consegue brincar de esconde com pastores da igreja do Bispo Macedo, principal mentor do PRB, partido que o lançou , e com padres cantores populares, como Marcelo Rossi, uma espécie de Roberto Carlos de batina. Dorme com os evangélicos e levanta com os católicos para ficar bem com todo mundo.
E de quebra diz que gostaria de construir um templo em cada rua. Um homem profundamente espiritual, ainda que ao longo da carreira (seria carreira de repórter ?) tenha juntado pecadilhos como exercer ilegalmente a profissão de advogado, bolinar foliãs em frente a câmeras de TV, doar 1 milhão para uma ONG que ele mesmo administra, e ter dado uns petelecos numa funcionária do INCOR além de destruir um pedaço das instalações.
Como se explica que a cidade teoricamente mais politizada do Brasil, onde governo e oposição travam suas batalhas mais ferozes, esteja à beira de eleger um populista com um currículo ideológico ralo, que além do mais não é sequer cria de um dos caciques históricos da cidade - como inevitavelmente nos faz lembrar a desastrosa eleição de Celso Pitta?
A explicação parece simples: o anti-petismo histórico da cidade desta vez nao se identificou com a mistura da impopularidade do prefeito Kassab e a renitente tentativa de José Serra de se eleger prefeito de novo.
Ele não conseguiu se livrar da desconstrução de sua imagem provocada pela acusação de ter abandonado a Prefeitura antes do fim do mandato para se eleger governador.
Não conseguiu sequer tirar vantagem do fato de que a sua mudança de cargo foi aprovada incontestavelmente pelo voto popular. Não foi capaz de explicar que é na ascensão legítima de cargos que está a essência da carreira política.
Com o petismo com um candidato de pouca musculatura e a oposição com um candidato desgastado, São Paulo corre o risco de apostar numa aventura populista que pode significar um retrocesso político difícil de ser recuperado.
Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez. E.mail: svaia@uol.com.br
Um comentário:
O populismo não é uma aventura. É uma opção política que já deu resultados nas eleições de Brizola, Jânio e outros.
A incompetência deste candidato poderá trazer grandes dores de cabeça para a Grande São Paulo
Postar um comentário