quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Eleições Americanas


Democratas apostam em latinos e mulheres para entusiasmar base

Discursos tentarão convencer eleitores de que o país está melhor com Obama



Animação. Menina posa para foto em frente a uma imagem do presidente Barack Obama, em Charlotte, local da convenção do Partido Democrata
Foto: Adrees Latif/Reuters
Animação. Menina posa para foto em frente a uma imagem do presidente Barack Obama, em Charlotte, local da convenção do Partido DemocrataADREES LATIF/REUTERS
CHARLOTTE, EUA — O Partido Democrata começa nesta terça-feira a convenção que ratificará a candidatura à reeleição do presidente Barack Obama com ações para reeditar a coalizão que o levou à Casa Branca em 2008, formada por latinos, mulheres, negros, jovens, movimentos sociais e progressistas. Além de promover assembleias de minorias ao longo do dia, cujas conclusões serão levadas em conta pelo partido na formulação do plano de governo, o encontro oficial começa com dois oradores talhados para animar a base: a primeira-dama Michelle Obama e o prefeito de Santo Antonio, no Texas, Julián Castro.
A escolha de Castro - considerado moderado pelos analistas - revela a preocupação com a tendência dos hispânicos de não se registrarem ou não comparecerem às urnas e com a apresentação de novos líderes. Também aponta para a estratégia do partido de defender o legado de Obama e oferecer aos americanos uma agenda que reflita avanço - o lema da campanha de reeleição é “Forward” (adiante).Filho de imigrantes mexicanos, Castro completará 37 anos em duas semanas e é o mais jovem entre os prefeitos de grandes cidades americanas. Ele fará o discurso inicial, que oferece a linha da convenção, posto concedido normalmente a políticos de muito apelo ou a promessas do partido. Este papel foi de Obama em 2004 - quatro anos antes de concorrer à Presidência.
- Castro terá papel proeminente para as pessoas verem que a plataforma reflete a preocupação com a inclusão latina e se comprometerá com a reforma da imigração. Reflete o histórico de Obama: a reforma da Saúde incluiu 9 milhões de latinos, foram 150 mil empréstimos estudantis, 2 milhões de hispânicos saíram da pobreza - disse Antonio Villaraigosa, prefeito de Los Angeles e presidente do comitê da convenção, falando em inglês e espanhol.
Nas eleições de 2008, Obama venceu com o voto de 90% dos não brancos (latinos, negros e asiáticos), de 57% das mulheres e de 61% dos jovens abaixo de 30 anos, segundo o instituto Gallup. Naquele pleito, 50% dos hispânicos e 65% dos negros votaram.
Ajuda de Bill Clinton e Jimmy Carter
O Centro de Convenções de Charlotte, onde os delegados e observadores se registraram, refletia o esforço do partido de mostrar diversidade. Muitos jovens, negros, latinos, ativistas de movimentos de mulheres, gays, deficientes físicos e religiosos circulavam pelos corredores e se juntaram à festa patrocinada pela prefeitura e pelos democratas, pelo feriado do Dia do Trabalho.
Numa campanha marcada por assuntos de interesse das mulheres - como aborto e planejamento familiar -, os democratas querem consolidar a vantagem de Obama com o grupo, que hoje dá ao presidente a ligeira margem que tem nas pesquisas. Mais popular que o marido, Michelle vai fechar a primeira noite com um discurso que tratará tanto da figura pessoal de Obama como de temas sociais afins às famílias.
A candidata progressista ao Senado por Massachussetts Elizabeth Warren também se dirigirá aos cerca de 6 mil delegados, bem como a irmã Simone Campbell, freira que desafiou a Igreja Católica ao endossar a lei de Obama que obriga empresas a cobrirem planejamento familiar. Uma estrela ascendente no campo democrata também terá lugar de destaque: a secretária de Justiça da Califórnia, Kamala Harris. A dúvida é se a secretária de Estado Hillary Clinton discursará.
Os dois presidentes democratas que antecederam Obama atestarão as credenciais do atual ocupante da Casa Branca: Jimmy Carter, hoje por vídeo, e Bill Clinton, amanhã. Clinton é uma esperança do partido para mobilizar independentes e indecisos e convencer a classe média de que o país melhorou.
- Todos que farão discursos esta semana vão tratar dessa questão: os EUA melhoraram e o presidente Obama tem um plano de reconstrução da (classe) média para o topo, que passa por investimentos no futuro, em educação, pesquisa, infraestrutura - disse Ben LaBolt, coordenador da campanha.


Nenhum comentário: