domingo, 30 de setembro de 2012

A Palavra do Dia


Catacrese 
É uma figura de linguagem que consiste no uso de uma palavra ou expressão para descrever algo que não possui denominação apropriada. Por isso são utilizadas aquelas já incorporadas pelos falantes da língua, sendo considerada uma metáfora corriqueira. Enraizada na fala popular, a catacrese termina por retirar o sentido original das palavras, e seu significado, naquele contexto, passa a ser universalmente compreendido. A catacrese é uma derivação da metáfora, mas se diferencia dela por já ter sido incorporada na fala, se tornando assim, corriqueira. Alguns exemplos de catacrese são: ‘O pé da mesa’; ‘dente de alho’; ‘braço da poltrona’; e ‘embarcar no avião’.

sábado, 29 de setembro de 2012

A hora H - Dora Kramer



Semana que vem o julgamento do mensalão vai pegar fogo. Dentro e fora do Supremo Tribunal Federal, onde começará a ser examinada a parte da denúncia relativa aos personagens que põem o PT direta e nominalmente no banco dos réus: José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares.

Até agora só desfilaram coadjuvantes naquela passarela. Operadores financeiros, facilitadores de negócios, espertalhões, aprendizes e professores de feiticeiros.
Gente permanentemente conectada na oportunidade de levar alguma vantagem, para a qual importa pouco quem esteja no comando. Basta que os comandantes liberem a livre navegação pelas águas do poder.
Esse pessoal já está condenado, sem despertar grandes suscetibilidades. A reação às condenações diz respeito ao indicativo de que podem também alcançar os réus que de fato interessam - os representantes mais graduados, entre os citados na denúncia, do projeto beneficiário do esquema de financiamento.
Pois é a partir daí é que os ânimos realmente se acirram.
Quem se espanta com divergências entre ministros do Supremo ou se apavora com o tom mais incisivo de um ou de outro não leva em conta as implicações de uma decisão colegiada envolvendo legislação, doutrina, agilidade de raciocínio, capacidade de encadeamento lógico e muito conhecimento acumulado em trajetórias jurídicas distintas entre si.
De outra parte, quem vê despropósito na acusação de que o STF funciona como tribunal de exceção a serviço de uma urdidura conspiratória, não sabe o que é o furor de uma fera ferida.
Muito mais além do que já houve ainda está para acontecer.
Os ministros do Supremo vão discutir dura, detalhada e por vezes até asperamente todos os aspectos do processo, dos crimes imputados aos réus e das circunstâncias em que foram ou não cometidos, para mostrar as razões pelas quais condenam ou absolvem.
Nada há de estranho, inusitado ou inapropriado nisso. Não é nos autos que os juízes falam? Pois estão falando neles e deles. É o foro adequado para a discussão. Se a interpretação da lei não fosse inerente à função do magistrado, um bom programa de computador que cruzasse a legislação com as acusações daria conta do recado.
Descontados excessos de rispidez de um lado (do relator) e exageros na afetada afabilidade de outro (do revisor), os debates são apropriados e indispensáveis em caso de alta complexidade e grande repercussão como esse.

Comentários dos Leitores

Anônimo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "NYT: nomes pitorescos de candidatos mostram ‘vital...": 
Alguns da minha área:
Maurílio Shurubila
Rosinha Sempre Bem
Relojão

A Palavra do Dia


Metonímia 
Consiste no uso de um termo no lugar de outro devido à possibilidade de relação entre eles. A palavra assume, assim, um sentido diferente daquele literal, associando-se a outro sentido, baseado na proximidade entre os elementos combinados. Por exemplo, dizer “Adoro ler Jorge Amado”, não quer dizer literalmente que se possa ler o autor – seu nome representa sua obra literária. Outro uso frequente de metonímia é quando ‘prato’ e ‘copo’, entre outros, são usados para se referir à comida ou bebida. Não se bebe, de fato, um copo d’água, nem se come um prato de salada, mas o sentido dessas palavras pode ser entendido perfeitamente. A metonímia apresenta duas variações: sinédoque e antonomásia. A sinédoque é identificada por uma palavra que expressa um todo através de uma parte, como em “A mulher lutou por seus direitos”, que utiliza ‘mulher’ no singular para se referir a todo o gênero feminino. Já a antonomásia é a designação de algo por uma qualidade ou circunstância conhecida, ao invés de seu nome. ‘Cidade maravilhosa’, por exemplo, se refere ao Rio de Janeiro, e ‘Virgem dos lábios de mel’ a Iracema, personagem de José de Alencar.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Comentários dos Leitores

Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Joaquim é o alvo - Ricardo Noblat": 
Chamar o Ministro de Torquemada é uma manifestação racista principalmente em se tratando de um prelado de ascendência celtíbera e não africana. 

Obama usa DJs na campanha para tentar atrair jovens eleitores



Em 2008, o presidente conseguiu 66% de eleitores com menos de 30 anos



Obama com a DJ Diamond Kuts, uma das esperanças da campanha de Obama para conseguir mais jovens
Foto: Reprodução/Facebook
Obama com a DJ Diamond Kuts, uma das esperanças da campanha de Obama para conseguir mais jovensREPRODUÇÃO/FACEBOOK
FILADÉLFIA, EUA - O palco estava montado com alto-falantes e uma plataforma giratória no estacionamento de um pequeno shopping a céu aberto na Filadélfia. A estrela era Diamond Kuts, uma DJ de hip-hop de uns 20 anos, com brincos de argola enormes na orelha e, nas últimas semanas, o grande chamariz para a campanha de Obama para a reeleição entre os jovens.
A DJ Diamond Kuts, cujo nome é Tina Dunham, tem 93 mil seguidores no Twitter e um público devotado de 15 a 32 anos de idade que comparecem em massa a festas como a do último sábado, em um bairro predominantemente negro. O que faz dela uma atrativa garota-propaganda para a campanha de Obama nas semanas finais da corrida presidencial.- Vocês não vieram aqui para me ver - ela gritava para cerca de 100 fãs, que tiraram fotos com celulares e claramente tinham ido lá para vê-la. - Estamos aqui para ninguém menos que Barack Obama!
Dunham, uma das dezenas de DJs que foram recrutadas para ajudar o presidente, começou a fazer campanha para o presidente no Twitter e em eventos pequenos como o do último fim de semana. E também usa seu programa de rádio de sábado na Power 99, uma das rádios mais famosas da cidade. O objetivo é atrair os jovens eleitores para se registrarem e passarem a votar.
- Estamos realmente trabalhando para conseguir alcançar todos os grupos - explica Stefanie Brown, diretora da campanha de Obama para afro-americanos.
É muito cedo para saber se a estratégia com DJs vai funcionar. E há o risco de ofender eleitores que não concordam com a linha musical do grupo, que algumas vezes tocam letras que glorificam a violência e o crime. Mas a campanha de Obama vê a necessidade de motivar os jovens que escutam DJs como Dunham.
Em 2008, o presidente ganhou a maior porcentagem de eleitores com menos de 30 anos do que qualquer candidato em quase quatro décadas, com 66% deles (contra 32% de John McCain). Os jovens, no entanto, são conhecidos por não aparecerem nas urnas, e a campanha de Obama tem sido marcada pelo medo de não se repetir a euforia de 2008. É aí que entra Dunham.
- Eu sempre votei em Obama, mas quando me fizeram parte da campanha, me senti mais motivada a conseguir adolescentes registrados para votar - diz.

Paes reconhece esquema, mas isenta Lula de culpa no mensalão



Prefeito, então no PSDB, chamou ex-presidente de ‘chefe de quadrilha’ à época da CPI dos Correios


Eduardo Paes é entrevistado no RJTV Foto: Reprodução TV
Eduardo Paes é entrevistado no RJTVREPRODUÇÃO TV
RIO — Em entrevista ao RJTV nesta terça-feira, o prefeito e candidato à reeleição Eduardo Paes (PMDB) foi questionado se concordava ou não com as declarações feitas pelo ex-presidente Lula na semana passada, quando ele voltou a declarar que o esquema de mensalão não existiu em seu primeiro governo. Paes disse que discordou da posição de Lula, mas fez questão de aboná-lo de culpa.
— Não há dúvida que houve (o mensalão). Imagina, o relatório que eu escrevi. O que eu estou dizendo é que não se tem indiciamento do presidente Lula — disse Paes.
À época, o prefeito, então no PSDB, foi o sub-relator da CPI dos Correios que deu início às investigações do mensalão. Ele chegou a chamar o ex-presidente de “chefe de quadrilha” e “psicótico”. Mas hoje, negou que tenha mudado suas convicções quando se aliou ao PT.
— O PT é um partido de dois milhões de filiados. Você sempre tem pessoas que cometem algum delito e estão sendo julgadas. Mas você não pode culpar o partido inteiro. Meu vice-prefeito Adílson Pires (PT) foi meu líder de governo nos últimos quatro anos e é um quadro qualificadíssimo. Não mudei de opinião.
Mais uma vez, Eduardo Paes afirmou que a saúde ainda é o maior desafio de sua gestão e que não conseguiu cumprir todas as promessas feitas na campanha de 2008, entre elas a construção de 40 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Desde que assumiu, o prefeito só entregou 13 UPAs para a população, menos de um terço do prometido. Ele admitiu ainda que não vai mais construir unidades como essa na cidade.
— Qual é o critério da UPA pelo Ministério da Saúde? Uma UPA para cada 250 mil habitantes. Então já temos na cidade o número de UPAs necessários. Então não preciso fazer mais UPA. Tenho que manter as que tem bem colocando médicos — afirmou o prefeito completando:
— Eu não tenho dúvida disso (admitindo que falta muito para diminuir as filas e melhor o atendimento à população). É a área (saúde) que mais me dedico. É a área que precisa fazer mais coisa. Foi a área que a gente mais investiu e mais avançou, mas falta muito — admitiu.
O controle de frequências dos profissionais da saúde também foi abordado. Paes culpou as associações médicas e os sindicatos de classe pelo fracasso na instalação de mecanismo para regular o serviço na rede municipal.
— Temos que avançar. Nas clínicas das famílias a gente tem como acompanhar, mas nos médicos contratados nos sistemas anteriores é mais difícil. Muitas das vezes você tem contestação das corporações. Por exemplo, é uma conversa com o sindicato dos médicos eles me disseram que é invasão de privacidade.

NYT: nomes pitorescos de candidatos mostram ‘vitalidade’ da política brasileira


Jornal americano destaca campanha a vereador com protagonistas inusitados



Geraldo Wolverine faz campanha em Piracicaba: candidato com ‘garra’
Foto: Agência O Globo
Geraldo Wolverine faz campanha em Piracicaba: candidato com ‘garra’AGÊNCIA O GLOBO
Super-heróis fajutos (cinco Batmans e um Wolverine, entre outros), arremedos de personagens de aventura (“Macgaiver”) e artistas (Lady Gaga), um Obama falsificado e até um Cristo de Jerusalém. Não, não é desenho animado nem seriado de TV. Os nomes pitorescos dos candidatos brasileiros a vereador foram destaque no tradicional diário The New York Times, em reportagem assinada pelo correspondente Simon Romero.
Instrutor de auto-escola, o candidato Geraldo Custódio, o Geraldo Wolverine, foi entrevistado pelo diário americano. Contou que passou a usar o nome do personagem da Marvel a partir da tentativa que fez de participar do reality show Big Brother Brasil.
— É uma estratégia de marketing, porque se eu dissesse Geraldo Custódio, ninguém me reconheceria — diz ele, caracterizado como o personagem dos quadrinhos, que o inspirou a adotar o slogan “vote em quem tem garra”.
“Candidatos com nomes criativos e garras podem levantar sobrancelhas em outros lugares, mas este é o Brasil, um país orgulhosamente relaxado quando se trata de nomes dos polítícos”, escreveu Romero.
O jornal afirma que o Brasil foi berço de uma das “mais vibrantes democracias do mundo” desde o fim da ditadura, em 1985, e que os efeitos desta “vitalidade” se refletem nos nomes propostos pelos candidatos na disputa das urnas. E lembra que desde Fernando Henrique Cardoso, a norma é tratar até os presidentes de forma mais descontraída.
Assim, o que seria mister Cardoso para os americanos virou Fernando Henrique, ou, simplesmente, FH. Longe de um "mister Da Silva", Luiz Inácio virou Lula — que gerou uma onda de seguidores no país. E Dilma Rousseff, em vez de “miss Rousseff”, é simplesmente Dilma.
O assistente administrativo Gerson Januário de Almeida, o Obama brasileiro, não podia ficar de fora. Desde que a semelhança foi destaca por turistas americanos quando visitava o bondinho do Pão de Açúcar, no Rio, ele faz bicos como sósia de Obama em eventos.
— Penso que o Barack Obama é mais do que um político; ele é um ícone — afirma ele, candidato em Belo Horizonte.
O NYT descobriu ainda candidatos que nem precisam de tamanha criatividade, já que seus próprios nomes de batismo refletem a admiração de outrora por grandes líderes políticos mundiais: Jimmi Carter Santarém Barroso, no Amazonas; John Kennedy Abreu Sousa, no Maranhão; e Chiang Kai Xeque Braga Barroso — cujo nome homenageia o rival de Mao Tsé-Tung — no Tocantins.
“Há alguns limites para os nomes que os brasileiros podem escolher quando disputando cargo eletivo. A lei estipula que os nomes escolhidos devem corresponder aos apelidos dos candidatos ou como eles são comumente referidos”, explica o jornal, acrescentando que juízes de algumas cidades têm mantido nomes especialmente bizarros ou vulgares fora das urnas, assim como o de companhias estatais e outras entidades burocráticas.

Lambuzado no melado - Dora Kramer



Marcos Valério demorou anos para se revoltar. Só quebrou o código de silêncio firmado com José Dirceu e Delúbio Soares para proteger Lula quando se viu diante da evidência de que lhe havia sido feita uma promessa vã.

Confiou que as instituições seriam fiéis aos coronéis de turno e se renderiam às conveniências do poder.
Isso está dito na reportagem de capa da Veja: "Em troca do silêncio, (Marcos Valério) recebeu garantias. Primeiro, de impunidade. Depois, quando o esquema (do mensalão) teve suas entranhas expostas pela Procuradoria-Geral da República, de penas mais brandas".
E quais seriam essas garantias? Vamos pensar juntos. Não é difícil percebê-las, partindo do princípio de que o PT fez o que fez confiando que aquela concepção de Lula sobre os "300 picaretas" que faziam e aconteciam no Congresso era o retrato do Brasil.
Primeira presunção de garantia: controlada pela maioria governista, comandada por um presidente do PT (Delcídio Amaral) e um relator do PMDB (Osmar Serraglio), a CPI dos Correios não daria em nada que pudesse produzir maiores e concretas consequências.
Segunda: a Polícia Federal sob as ordens do dublê de ministro da Justiça e advogado do Palácio do Planalto, Márcio Thomaz Bastos, cuidaria de limitar as investigações sem levá-las a inconvenientes profundezas.
Terceira: indicado e reconduzido ao cargo pelo presidente da República, o procurador-geral se apresentasse denúncia não o faria de maneira consistente.
Quarta: de composição majoritária teoricamente "governista" e de inescapável apego a formalidades, o Supremo Tribunal Federal não abriria processo.
Quinta: complexa e ampla demais, a denúncia não se sustentaria na fase judicial e poderia se estender à eternidade em decorrência de manobras da defesa.
Sexta: o julgamento não ocorreria tão cedo e, quando acontecesse, crimes estariam prescritos.
Sétima: permeável à influência dos comandantes da banda, a Corte de "maioria governista" teria comportamento de poder subordinado. Seja para absolver os acusados ou para lhes abrandar as punições, conforme a promessa feita a Marcos Valério sobre o pior que lhe poderia acontecer se calado ficasse.
Como a realidade mostrou e ainda não se cansou de demonstrar, o Brasil não é tão arcaico, desorganizado, institucionalmente desqualificado nem tão apinhado de vendidos como supunha o PT ao assumir a Presidência da República.

A Palavra do Dia


Camafeu 
Pedra ornada com figura em relevo que tem duas camadas de cores diferentes. Os camafeus são produzidos a partir da ágata, do ônix e da sardônia, entre outros. Costumam conter imagens de deuses, cenas mitológicas e figuras femininas. Napoleão Bonaparte foi apaixonado por camafeus, e chegou a fundar uma escola para ensinar a arte da sua produção para jovens aprendizes em Paris. Até o século XIX, os camafeus também eram usados por homens, em elmos, capacetes, armaduras etc. Atualmente, são frequentemente usados para decorar joias, especialmente broches e colares, bem como vasos, taças e outros utensílios domésticos.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Joaquim é o alvo - Ricardo Noblat




O Partido da Imprensa Governista (PIG) começou a descer o pau no ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão.
O PIG é parente da imprensa chapa branca que sobrevive da caridade oficial. Basicamente, é o conjunto de blogs, sites e portais que serve ao governo e aos partidos que o apoiam.
Trata-se de mais um aspecto da herança pesada deixada por Lula para Dilma, por mais que ela negue.
Por que Joaquim virou alvo de malhação?
Porque o desempenho dele até aqui desagrada ao PT. Porque ele deve a Lula sua nomeação para o Supremo Tribunal Federal (STF) e, no entanto, atua com a independência que se espera de todo juiz.
Registre-se por dever de ofício: ele e outros ministros indicados por Lula e Dilma. Nem todos.

Foto: Ailton de Freitas

Naturalmente, o PIG está impedido de expor com clareza as razões de sua revolta contra Joaquim. Seria insensato fazê-lo.
Correria o risco de perder seus poucos leitores tamanho é o prestígio de Joaquim nas chamadas redes sociais. Ali ele virou uma espécie de anjo vingador. Um anjo preto, zangado, irritadiço e sempre à beira de um ataque de nervos.
Sem audiência, para quê sustentar o PIG? Só para que continuasse a disseminar intrigas durante períodos eleitorais? Para que funcionasse como laboratório onde se testam palavras de ordem? Ou para que seguisse defendendo aliados do governo?
Collor, Sarney, Renan - toda essa gente conta com a ajuda do PIG quando se lhe apertam os calos. Sem utilidade, adeus patrocínio!
O PIG argumenta que Joaquim está sendo muito rigoroso com os réus do mensalão. Como se rigor fosse um exagero e a condescendência o mais aconselhável.
Não ria: membro mais afoito e mais bem remunerado do PIG comparou Joaquim a inquisidores da Idade Média que torturaram e mataram. Seria o nosso Torquemada!
No fim do século XV, na Espanha, o dominicano Tomás de Torquemada, promovido a inquisidor-geral pelo papa Inocêncio VIII, recomendava parafusos nos polegares dos heréticos enquanto rezava contrito e baixinho pela salvação de suas almas.
Se Joaquim procede como ele, o STF virou o endereço nobre e espaçoso dos novos inquisidores.
Sim, porque Joaquim não julga sozinho.
Na última segunda-feira, por exemplo, ele condenou Ayanna Tenório, uma das diretoras do Banco Rural, o financiador de parte do mensalão. E aí?
Aí que Ayanna acabou absolvida por 9 votos contra um. Ninguém no STF é voto de cabresto de ninguém. Um homem, um voto.
De resto, as decisões do STF no processo do mensalão estão sendo tomadas por larga maioria de votos. É isso, e apenas isso o que está tornando possível até agora o próprio julgamento. O julgamento mais longo e complexo da história da Corte Suprema. Que não tem data para terminar. E que não se sabe como terminará.
Em dezembro de 2005, quando ficou pronto o relatório da CPI dos Correios que apurou o esquema do mensalão, Lula se recusou a lê-lo. Disse que só lhe interessava a palavra final da Justiça.
Depois se antecipou à Justiça e decretou que o mensalão não passara de uma farsa. Delúbio Soares preferiu chamá-lo de futura "piada de salão".
Joaquim Torquemada e sua equipe de torturadores concluíram que de farsa o mensalão nada teve. Assim como também nada teve de engraçado.
A prática de corrupção entre nós não cessará com a condenação dos réus do mensalão. A impunidade, talvez, a depender da força da bordoada que acabe levando.

Seleção quer retribuir em campo o carinho da torcida de Recife


 

Técnico Mano Menezes escala Hulk no lugar de Leandro Damião



Torcedores se espremem para tentar ver os jogadores na saída do ônibus da seleção
Foto: Hans von Manteuffel / O Globo
Torcedores se espremem para tentar ver os jogadores na saída do ônibus da seleçãoHANS VON MANTEUFFEL / O GLOBO
RIO - O carinho do qual sentiu falta em São Paulo, a seleção terá de sobra no amistoso deste domingo, às 22h (de Brasília), contra a China, no Estádio do Arruda. Desde a chegada da delegação à Recife, a torcida tem demonstrado que, se o problema da equipe da Mano Menezes é falta de apoio dos brasileiros, ele está resolvido. Falta a seleção fazer a sua parte para apagar a péssima impressão deixada na vitória de 1 a 0 sobre a África do Sul, no Morumbi.
- É ótimo este carinho. Agora só nos resta retribuir com um bom jogo - disse Mano.
O treinador precisa de uma exibição convincente de sua equipe para poder trabalhar com tranquilidade daqui para frente. Caso contrário, a pressão vai se tornar insuportável e a sua permanência no cargo se tornará uma incógnita.
Depois do jogo, a seleção terá mais nove datas-Fifa até a Copa das Confederações - excluindo as duas partidas contra a Argentina, que terá apenas jogadores que atuam nos dois países. Nada capaz de deixar Mano animado.
- Preferia menos datas e um período mais longo de treinamento antes das partidas. Mas isso é o ideal, o que faremos é o possível - afirmou Mano.
Perseguido pela torcida paulistana na sexta-feira, Neymar foi a grande atração do treino deste domingo, que levou mais de 15 mil pessoas ao estádio do Santa Cruz. Toda vez que o atacante do Santos pegava na bola, a torcida, histérica, não parava de gritar. Jogador mais experiente do grupo, o lateral Daniel Alves, de 29 anos, espera que isto se repita no jogo contra a China.
- Acontecia a mesma coisa com o Messi. Mesmo sendo o melhor do mundo, era contestado na Argentina. Há uns três meses, os argentinos passaram a apoiá-lo e agora ele está jogando o fino. O Neymar é o nosso principal jogador, precisa receber carinho, porque todo mundo rende melhor quando tem apoio - disse.
Para que o apoio da torcida pernambucana seja o maior possível, o técnico Mano Menezes fez uma substituição na equipe em relação ao time que começou a partida contra a África do Sul. O treinador tirou Leandro Damião e pôs Hulk, que fez o gol da vitória em São Paulo. Assim, os três nordestinos da seleção - Daniel Alves (baiano), Rômulo (piauiense) e Hulk (paraibano), estarão em campo.
O volante Paulinho, que se machucou contra a África do Sul, está fora do jogo.

Autor do passe para o gol de Fred, Nem exalta artilheiro


'Cara a cara é difícil ele perder', diz o companheiro de ataque

En

Wellington Nem passa por marcador
Foto: Alexandro Aules / Photocamera / Divulgação
Wellington Nem passa por marcadorALEXANDRO AULES / PHOTOCAMERA / DIVULGAÇÃO

RIO - No lance do gol do Fluminense, o meia-atacante Wellington Nem arrancou com a bola dominada desde o meio-campo até achar o centroavante Fred livre para dar a vitória sobre o Internacional. O camisa 18 explicou o lance e elogiou o artilheiro do Campeonato Brasileiro.
- Eu não tento cavar a falta, ainda mais em um contra-ataque de dois contra dois. Tive a felicidade de driblar o Índio e tocar para o Fred. Cara a cara é difícil ele perder o gol - disse o garoto.
No segundo tempo, o Flu ficou perto de ceder o empate para o time gaúcho. Nem ressaltou a dificuldade encontrada na partida realizada no Beira-Rio:
- Eu sabia que ia ser um jogo muito difícil e que o Internacional não nos daria muitas chances. Felizmente, em um contra-ataque conseguimos marcar e sair com a vitória.


Talibã ameaça matar ou sequestrar o príncipe Harry



Neto da rainha Elizabeth está no Afeganistão para pilotar helicópteros de ataque



O príncipe Harry em um helicóptero Apache, em Camp Bastion, no Afeganistão
Foto: TV Pool / AP
O príncipe Harry em um helicóptero Apache, em Camp Bastion, no AfeganistãoTV POOL / AP
CABUL - O Talibã afegão disse nesta segunda-feira que está fazendo tudo em seu poder para sequestrar ou assassinar o príncipe Harry, que chegou no Afeganistão na semana passada para pilotar helicópteros de ataque.
O neto da rainha Elizabeth está no Afeganistão, em uma viagem de quatro meses, em Camp Bastion, na província de Helmand, onde o príncipe ficará na linha de frente na guerra da Otan contra os insurgentes talibãs.
"Estamos usando todas as nossas forças para livrar-nos dele, seja matando ou sequestrando", disse o porta-voz do Talibã Zabihullah Mujahid, disse à Reuters por telefone de um local não revelado.
"Nós já informamos nossos comandantes em Helmand para fazer o que puder para eliminá-lo", acrescentou Mujahid, recusando-se a entrar em detalhes sobre o que ele chamou de "operações de Harry".
O príncipe de 27 anos de idade, que é o terceiro na linha sucessória do trono, assumiu seu novo papel duas semanas depois de ter sido fotografado brincando nu em Las Vegas.


Comentários dos Leitores

Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Traficantes agridem equipe de Nelson Bornier em No..."
Estamos virando a velha Chicago onde Capone controlava os políticos da região

Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "STF e o crime financeiro - Miriam Leitão": 
No PROER os bens dos proprietários ficaram indisponíveis, incluindo os do sogro do filho de FHC (BNMG). Com o PT o dinheiro do povo é arrancado para tirar os amigos (Silvio Santos etc)do aperto. O FGC do Lula é uma ação entre amigos que substitui o "Mensalão" sendo julgado no STF. 

Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Edilson -Veríssimo": 
Quando será que os governantes vão descobrir que a Máfia da Indústria Automobilística não merece ser resgatada das crises onde ela mais lucra. Acorda Dilma! Acorda Obama! 

AAreal deixou um novo comentário sobre a sua postagem "STF e o crime financeiro - Miriam Leitão": 
É muita sigla: PT, STF, FHC, FGC e muito FDP. 



Avenida Brasil




Carminha tentará impedir viagem de Jorginho e Nina

Depois deperder todas as provas contra Carminha (Adriana Esteves), Nina (Débora Falabella) decidirá dar um tempo na vingança. Ela aceitará viajar com Jorginho (Cauã Reymond) para a Califórnia, mas os planos poderão não sair do papel. Isso porque Nilo (José de Abreu) contará tudo para a vilã, que prometerá impedir a ida.
A confusão começará quando Nina for se despedir de Lucinda (Vera Holtz) no lixão. Esperto, o catador pedirá para uma criança ouvir a conversa. Depois, saberá que Jorginho e Nina planejam viajar.
- Desce uma geladinha, que eu hoje vou perder a linha! Ririri! O Batata e a Rita não vão viajar é nunca! Ririri! - dirá Nilo a si mesmo, ao saber da novidade.
Ele logo contará tudo para Carminha em troca de comida.
- O que você tá me falando? Aquela demônia quer tirar o Jorginho do Brasil? Isso não vai acontecer, tá me
entendendo? Não vai! Eu não vou deixar!

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

STF e o crime financeiro - Miriam Leitão


A condenação de Kátia Rabello, José Roberto Salgado e Vinícius Samarane, três executivos graduados do Banco Rural, terá reflexo importante em coibir o que está se repetindo de forma assustadora: bancos quebram e são salvos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Como a operação fica parecendo uma venda, os banqueiros não são punidos. A decisão do STF ajudará a mudar isso.

Cinco bancos quebraram nos últimos anos. Matone, Schahin, Morada, PanAmericano e Cruzeiro do Sul. Em alguns deles as fraudes são gritantes.
No Proer do governo Fernando Henrique, os bens dos donos e dirigentes ficavam indisponíveis e até hoje alguns ex-banqueiros correm o risco de enfrentar a execução da dívida pelo Banco Central. Os donos e administradores dos bancos que quebram hoje são beneficiados pela engenharia financeira da operação montada pelo Fundo Garantidor de Crédito.
Os controladores e dirigentes dos bancos Matone e Schahin escaparam com facilidade. O FGC emprestou dinheiro a quem comprou os bancos. No caso do Matone, o grupo JBS recebeu R$ 800 milhões, com juros facilitados, a perder de vista, para assumir o banco quebrado. Como ficou parecendo uma compra, não houve problema para quem quebrou o banco.
O PanAmericano inventou carteiras de ativos que não tinha. O nome disso é fraude. Pior, o banco atraiu a Caixa Econômica para o buraco. A instituição pública pagou R$ 700 milhões para ser sócia de um banco quebrado, no qual teve que fazer altos aportes. O Fundo Garantidor de Crédito absorveu um prejuízo de R$ 4 bilhões e vendeu o banco para o BTG Pactual. Os bens dos donos e administradores do PanAmericano não ficaram indisponíveis, como ocorreria se fosse no velho Proer.
Isso começou a mudar quando o Juiz Marcelo Costenaro Cavali, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, aceitou, dias atrás, a denúncia contra dois ex-dirigentes e 15 funcionários do PanAmericano. Eles foram acusados pelo Ministério Público e responderão por crime contra o Sistema Financeiro Nacional. A condenação dos dirigentes do Banco Rural por gestão fraudulenta reforçará na Justiça o entendimento de que é necessário rigor contra esse tipo de crime.
No caso do Cruzeiro do Sul, houve também fraude, balanços maquiados, invenção de ativos. O Fundo Garantidor está agora negociando com os credores. Se eles aceitarem a proposta do FGC, o prejuízo será rateado: a maior parte da conta será paga pelo Fundo; outra parte, pelos credores.
Segundo o FGC, como o Cruzeiro do Sul deu prejuízo a terceiros — os investidores nacionais e internacionais — seus dirigentes poderão responder a processos. E as investigações sobre o que houve continua na Polícia Federal, Banco Central e CVM.
No PanAmericano, falta explicar por que a Caixa entrou de sócia num banco quebrado. Como a análise dos ativos que ela fez (a due diligence) não percebeu o rombo? Perguntas que nunca vão calar. Oficialmente, o banco foi vendido. Essa simulação de uma operação “de mercado”, com o buraco sendo coberto pelo FGC, beneficia quem quebrou o banco. Espera-se que tudo mude agora que o STF mostrou rigor com o caso do Banco Rural.
Sem punição poderia ocorrer o moral hazard, a desmoralização da lei. Isso incentivaria a fraude. Quebrar um banco estava virando o crime perfeito, porque bastava entregar a batata quente nas mãos do FGC. Com a decisão do STF, os dirigentes de bancos passarão a redobrar seus cuidados na administração dos bens de terceiros que estão sob seus cuidados. Isso tornará o mercado financeiro mais saudável e sólido.

Edilson -Veríssimo




O prêmio de melhor slogan eleitoral até agora vai para um candidato a vereador em Nova Iguaçu: “Edilson que o povo gosta.” Não sei qual é o sentimento real do povo em relação ao Edilson, mas isto não importa. O que interessa é que o trocadilho é bem bolado e o Edilson tem senso de humor, o que talvez ajude a ser vereador em Nova Iguaçu.
O Barack Obama bem que gostaria de ter uma frase sintética como a do Edilson para enfatizar sua principal virtude eleitoral, a simpatia. O sorriso de boca apertada do Mitt Romney não se compara ao largo sorriso do magrão.
Mas boa parte do povo que gostava de Obama, pelo seu sorriso e pelo que ele representava de novo e promissor, está decepcionada com ele. O desafio para Obama é fazer a simpatia render até as eleições, resistindo à desilusão crescente.
Os republicanos estão repetindo a pergunta feita por Ronald Reagan ao eleitorado americano para derrotar os democratas e se eleger, anos atrás: está melhor hoje do que estava há quatro anos? Com recordes de desemprego e a economia rastejando, a resposta óbvia parece ser “não”.
O desempenho de Obama nestes quatro anos não foi tão ruim. Ele evitou que a crise dos bancos de 2008 fosse mais catastrófica do que foi, reergueu a indústria automobilística — com toneladas de dinheiro publico, é verdade, mas quem está se queixando? — e criou, aos trancos, um sistema universal de saúde, apesar da reação dos lóbis contrariados e de todo o rancor da direita.
Mas a economia insistiu em não colaborar. E é disto que o povo não gosta. O tom da convenção recém-encerrada do Partido Democrata foi: vamos dar mais quatro anos para o homem cumprir sua promessa. Mais uma chance ao sorriso, ele merece.
Eu vou prestar atenção na eleição para vereadores em Nova Iguaçu, para saber o resultado do divertido slogan do Edilson. E em novembro vou torcer pelo Baraca. Ele pode não ser o prometido, mas a alternativa é muito pior.

Traficantes agridem equipe de Nelson Bornier em Nova Iguaçu


Segundo assessor, traficantes cobram R$ 50 mil para liberar campanhas na região


Bornier: 'Estou em choque com a situação' Foto: Renato Onofre / O Globo
Bornier: 'Estou em choque com a situação'RENATO ONOFRE / O GLOBO
RIO - A equipe do candidato do PMDB à prefeitura de Nova Iguaçu (RJ), Nelson Bornier, foi agredida neste domingo por traficantes da comunidade Conjunto da Marinha. Após pedir votos no local, eles se encaminhavam para a comunidade Dom Bosco, que fica ao lado, quando cinco traficantes armados se aproximaram, deram dois tiros para o alto e atacaram o primeiro carro da comitiva. O motorista e um assessor do candidato foram atingidos por coronhadas.
O motorista sofreu fraturas no braço e na perna e vai precisar passar por cirurgia. O assessor está com suspeita de afundamento no crânio. Ambos receberam o primeiro atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cabuçu e, depois, foram levados para o hospital da Posse.Após o atentado, um dos assessores de campanha do candidato recebeu um telefonema anônimo de um traficante, informando que para fazer campanha na região ele teria que pagar R$ 50 mil, e que o crime foi para “mostrar autoridade” na comunidade
Cerca de 300 pessoas participavam da caminhada junto com o candidato do PMDB. Segundo o deputado, que já comandou a cidade entre 1996 e 2002, é a primeira campanha que ele participa onde os bandidos impõem pedágios e ameaçam candidatos.
- Estou em choque com a situação. A gente sempre escuta falar da agressividade desses bandidos, mas só quando sente pela primeira vez na pele a gente para pensar no problema. A política de implantação das Unidades de Polícia Pacificadoras trouxe aumento da violência na Baixada. Amanhã mesmo vou pedir uma audiência com o secretário de segurança para falar sobre isso - disse o candidato do mesmo partido do governador Sérgio Cabral.
Pânico durante ataque
Durante o ataque dos traficantes, houve pânico, e todos saíram correndo, deixando um Audi preto da campanha abandonado na Estrada do Madureira. A polícia foi ao local e conseguiu recuperar o veículo. A ocorrência foi registrada na 56ª DP (Comendador Soares).
Na sexta-feira, Bornier fez caminhada no bairro de Vila Nova com Marco Antonio Cabral, filho do governador.
- Imagina se a agenda com o filho do governador fosse hoje. Ele teria passado por isso - espanta-se o deputado. - Eles querem impor uma situação de ninguém entrar lá. Isso é inaceitável, vou voltar lá no fim de semana que vem.
A equipe de campanha de Bornier informa que avisou ontem ao batalhão da área que iria fazer campanha no conjunto da Marinha, que fica em uma região conhecida como área dos conjuntos, a maior zona eleitoral de Nova Iguaçu.

Comentários dos Leitores

Luterzi deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Templo vira palanque na busca de votos para Russom...": 
Realmente a nossa política virou um "circo"! Estão substituindo a ideologia por dogmas, conceituando candidatos por devoção e o que mais assusta é a incerteza de para onde isso vai nos levar... Normalmente as religiões não se fundamentam por "prestação de contas" e quando religiosos se tornam políticos... 

Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Rural põe nos autos do mensalão documenRto que cit...": 
Que dizer?
Com a palavra o Ministro Toffoli. 

Rodrigo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Daniel Dias conquista ouro e se torna maior medalh...": 
Isto sim é um testemunho de superação. Não devemos reclamar de nossos probleminhos sem nenhuma importância diante de tanta gente nadando, correndo, arremessando dardo... sem braços, sem pernas. Por isso abomino a frase do Otto Lara Rezende (acho): O câncer do vizinho não cura a minha gripe. 

domingo, 9 de setembro de 2012

Rural põe nos autos do mensalão documenRto que cita Toffoli



Felipe Patury, ÉPOCA
Uma certidão da comissão executiva do PT se destaca entre os documentos apresentados ao Banco Rural para compor o cadastro que o partido fez para obter o empréstimo de R$ 3 milhões, sob análise do Supremo Tribunal Federal. Na ata, constam nomes de dirigentes do partido que se tornaram réus no mensalão: José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. Aparece também, na condição de delegado do PT, o então advogado da legenda, José Antônio Dias Toffoli


O Rural inseriu a certidão nos autos do mensalão, analisados por Toffoli, agora na condição de juiz do Supremo Tribunal Federal. O ministro não se manifestou. Seus auxiliares dizem que a certidão foi expedida dois anos antes do empréstimo e que o fato de ele ter sido delegado do PT é conhecido.

Ministros do Supremo temem que mensalão só acabe em novembro


Eles advertem que, para sessões não atrasarem, será preciso que Lewandowski encurte seus votos


BRASÍLIA - Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) estão preocupados com o ritmo de julgamento do processo do mensalão. Temem que ele só seja concluído após a aposentadoria do presidente da Corte, Ayres Britto, em 17 de novembro. Com exceção do relator, Joaquim Barbosa, e do revisor, Ricardo Lewandowski, os ministros já se convenceram da necessidade de diminuir o tempo de seus votos, e têm levado no máximo duas horas para se pronunciar sobre cada capítulo. Alguns integrantes do STF reclamam que Lewandowski deveria encurtar suas intervenções, especialmente em temas nos quais concorda com o relator.
— Quem não pode resumir aqui é o relator. O revisor, só se for para divergir. Se for para acompanhar o relator, deveria resumir. Não tenho mais esperança de término do julgamento em outubro. Quando houve essa mudança de concepção (sobre o tamanho dos votos dos ministros), imaginei que terminaria no final de setembro. Mas, hoje, já receio que o ministro Ayres Britto não será o presidente na proclamação do veredicto — disse Marco Aurélio Mello.
O ministro, que está no tribunal há mais de duas décadas, lembra que, antigamente, a praxe era os ministros votarem de improviso. Agora, todos leem votos longos. Ele revelou que, no mensalão, tem votado de improviso:
— Na velha guarda, o relator levava um voto escrito, e os demais votavam de improviso. Agora, não sei qual o milagre que acontece, porque eu não tenho tempo de cuidar nem dos meus processos, mas cada qual leva um voto como se fosse o relator. A sessão fica enfadonha. A turma que chegou talvez sinta necessidade de mostrar serviço. Não estou criticando ninguém, mas precisamos conciliar celeridade e conteúdo.
Um outro integrante da Corte afirma que a celeridade do julgamento depende de Lewandowski. Esse ministro concorda que o revisor deveria resumir seus pontos de vista, especialmente quando segue o relator. A interlocutores, Ayres Britto afirma estar esperançoso sobre o fim do julgamento em meados de outubro. E que, se avançar novembro adentro, não ficará insatisfeito por não proclamar o resultado. Barbosa, que vai suceder Ayres Britto na presidência, nutre esperança de ouvir a proclamação da boca do colega.
— Há grandes chances de terminar bem antes de novembro — diz o relator.
Outro ministro também aposta em meados de outubro para o fim do julgamento. Já o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, está otimista:
— É uma previsão difícil. Acredito que leva o mês de setembro. Foi concluído agora o segundo segmento da denúncia e há mais cinco a serem examinados. Deve tomar bastante tempo. É uma causa complexa, com número muito elevado de acusados e, para cada acusado, tem um número elevado de condutas atribuídas pelo Ministério Público. É compreensível que demore, em função de sua complexidade.
Até agora, apenas dois dos sete capítulos do processo foram concluídos: o primeiro levou duas semanas e o segundo, pouco mais de uma semana. A expectativa dos ministros é que o próximo capítulo demande duas semanas, pois estarão em jogo o destino de dez réus. A partir de segunda-feira, serão discutidos os saques feitos em espécie por Marcos Valério e seus aliados no Banco Rural. Segundo o Ministério Público Federal, o dinheiro teve origem no fundo de investimento Visanet e foi gasto com o pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio ao governo em votações importantes no Congresso.
Depois dessa discussão, os ministros julgarão capítulos sobre o pagamento do mensalão: os saques efetuados por políticos e aliados no Banco Rural. Em seguida, analisarão as acusações de evasão de divisas. Por fim, o STF vai julgar se houve formação de quadrilha. Nessa parte, estarão na berlinda integrantes do chamado núcleo político: o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro da legenda Delúbio Soares. Ao final, os ministros votarão o cálculo das penas imputadas a cada um dos acusados.