Se for eleito, Mitt Romney será o primeiro presidente mórmon dos Estados Unidos, ou, que eu saiba, de qualquer outro país. A Igreja Mórmon foi criada no século dezenove pelo americano Joseph Smith, que a baseou em contatos pessoais que teve com Deus e com Jesus Cristo e em mandamentos que recebeu das mãos de um anjo chamado Morôni, na forma de tabletes de ouro.
Quando John Kennedy candidatou-se a presidente dos Estados Unidos diziam que ele jamais se elegeria, pois um católico teria que ser mais leal ao Papa do que à Constituição do país. Kennedy se elegeu e, no seu curto governo, nunca consultou o Papa sobre nenhum assunto de Estado. Hoje ninguém parece ter um temor igual com relação à religião de Romney. A religião tem mesmo estado ausente nos debates entre os republicanos que querem ser candidatos à Presidência. Talvez porque Romney não seja um mórmon praticante. Sua religião permite a poligamia, por exemplo, e ele só tem uma mulher. Se bem que, depois de elegerem Barack Obama, os americanos provavelmente não hesitariam em experimentar esta outra novidade: três ou quatro primeiras-damas em vez de uma!
A religião de cada um é questão de cada um e não deve mesmo fazer parte do embate político, e o mundo e a vida são coisas tão misteriosas que nenhuma teoria sobre de onde viemos, para onde vamos e quem pagará a corrida é mais improvável ou menos absurda do que outra. Toda a civilização cristã se baseia em mitos e milagres apenas mais antigos do que os relatados por Joseph Smith. Mas não há como não se assustar com o poder crescente em nossas vidas do fundamentalismo, que é a religião no seu estado impermeável. O poder real no Irã não é o do presidente Ahmadinecoisa e dos políticos, é dos aiatolás e suas mentes medievais. Uma minoria ortodoxa insiste em fazer de Israel uma teocracia sem concessões, e o radicalismo do lado palestino não é menor. O fanatismo religioso islâmico inquieta e a reação ao terror também. E o mais assustador é tudo que as pessoas estão dispostas a acreditar — ou tudo que uma mente religiosa está predisposta a aceitar, de pastores pilantras a martírios suicidas. O sono da razão gera monstros, diz aquela frase numa gravura do Goya. O sono da razão parece ficar cada vez mais profundo, na noite atual.
Como Romney ainda não foi chamado a falar da sua religião, não se sabe como seria uma hipotética intervenção do anjo Morôni nas suas decisões, na Presidência. Por via das dúvidas, é melhor torcer pelo Baraca.
9 comentários:
O Sr Veríssimo confunde religião com política e terrorismo com religião. Não há relação. Quando o amadinequalquercoisa ouve os Aiatolás tem finalidades políticas. Quando o terrorista ou qualquer criminoso diz estar agindo em nome de qualquer deus é uma manifestação de demência e não de religiosidade.
O Sr Veríssimo com sua parcialidade capenga apenas demonstra seu lado terrorista antirreligioso.
Não é legal criticar o Veríssimo.
Será que o Alberto ouviu falar da Santa Inquisição?
Não é legal apresentar superstições (Santa Inquisição) como contrapartida a um argumento lógico. A Inquisição apresentada pela história como um instrumento de repressão da Igreja era na verdade uma parceria Estado X Igreja para acelerar processos, confiscar bens dos condenados, afastar adversários políticos etc. Para sua informação a grande maioria dos processos partiam das autoridades laicas.
A parceria não exime os parceiros de suas responsabilidades.
Por falar em argumentos lógicos, qual é a lógica de condenar Galileu por afirmar que os planetas giram em torno do Sol e não da terra?
Galileu foi condenado por fazer interpretações da Bíblia a luz do heliocentrismo. O Concílio de Trento (1545-1563)para combater a Reforma Protestante determinou que qualquer interpretação da Bíblia não aprovada pela Igreja constituía uma heresia.
Na época do julgamento os doutores da Igreja estavam divididos em relação a este tema.
Favor não considerar a peça "Galileu" de Berthold Brecht como documento histórico. Este grande dramaturgo, assim como o Veríssimo, nutria uma grande aversão a religiosidade por seu apreço pela Grande Revolução de Outubro.
Vejo que na sua lista de desafetos o Veríssimo está na excelente companhia de Berthold Brecht.
Será que Shakespeare e Tchekov também eram antirreligiosos?
Caro Martinho
Assim como em seus xarás, o Lutero e o da Vila, o sangue contestador e artístico corre em suas veias.
Sua habilidade manipuladora me colocou na posição de touro enquanto suas firulas de toureiro são destinadas ao público menos informado. Estou me retirando da arena pois todos conhecemos o fim trágico desta disputa. Boa Sorte.
Não existe a certeza do fim trágico em nossa vida. Na tourada também há a possibilidade da saída honrosa do touro da arena quando é indultado por sua bravura excepcional durante o enfrentamento. Proponho o indulto do Alberto para que possa participar de outras disputas.
muito infeliz esta foi veréssimo ao meu ver achei muitas palavras ociosas!
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