RIO - Como numa partida em que os dois adversários defendem a mesma camisa, Vanderlei e a diretoria do Flamengo jogam um xadrez em torno de sua permanência. A presidente Patrícia Amorim está convencida, hoje, de que uma necessária reformulação do futebol passa pela saída do treinador, mas pelo menos três pontos dificultam a demissão imediata, e podem levá-lo a permanecer no cargo. Primeiro, a opção por só demiti-lo quando houver um novo técnico já acertado. Por isso, a dirigente já discute com seus auxiliares mais próximos nomes de substitutos, e Joel Santana é um dos cotados.
A multa rescisória, de mais de R$ 3 milhões, e a proximidade de um jogo decisivo são outros fatores que concorrem para a permanência, ao menos provisória, de Vanderlei.
É nisso, também, que aposta o treinador. Ao declarar, sábado passado, que sob nenhuma hipótese pedirá demissão, Vanderlei deixou claro, à torcida, que sua eventual saída será por vontade unilateral da diretoria, a quem caberia o ônus das possíveis consequências negativas da demissão. Ao mesmo tempo, procura mostrar que sua relação com o elenco está boa (problemas dos jogadores com o técnico são o principal argumento dos dirigentes favoráveis à sua saída).
Como não havia nenhum integrante da diretoria na Bolívia, e os últimos dias foram dedicados a Vágner Love, Patrícia Amorim pretende usar o fim-de-semana para informar-se sobre o humor dos jogadores em relação ao técnico. Uma conversa entre a presidente e Vanderlei possivelmente acontecerá apenas na segunda-feira.
Se com relação a Luxemburgo tudo pode acontecer — inclusive nada —, Patrícia Amorim equilibrava-se nesta sexta-feira para dar um agrado à torcida (Love) sem ter de negar outro. Ao ouvir os gritos de "Volta, Imperador!", a dirigente disse que estudaria a ideia com carinho. Mais tarde, a intenção de trazer Adriano foi negada. Mas nem tanto.
— Ele tem contrato com o Corinthians (até junho). Hoje, não existe nada, negociação nenhuma, não faria isso com outro clube, por questão de ética. Em outro momento, se terminar o contrato, se o Corinthians não ficar com ele, a situação pode ser analisada — disse a presidente.
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