Na terça-feira, em Miami, fiz uma palestra sobre o prognóstico do Brasil em 2012 para uma audiência de cerca de 200 operadores do mercado financeiro.
O evento teve dois momentos distintos. Um foi minha palestra sobre o Brasil; o outro foi uma avaliação dos principais riscos do mercado financeiro no mundo.
Não foi a primeira vez que falei para o grupo. Nos últimos anos, já falei três vezes para o Emerging Markets Traders Association.
Quase sempre tenho que explicar o que o Brasil deixou de fazer e como pode ter uma boa performance sem atacar questões essenciais, como a reforma tributária e o custo da mão de obra.
Desta feita os questionamentos sobre o Brasil foram mínimos. A única preocupação específica foi com o andamento das obras para a Copa do Mundo.
Por outro lado, as observações sobre a Europa foram contundentes. Mesmo sendo um evento dedicado aos mercados emergentes, a crise europeia pontificou.
A expectativa é de que a Europa vai quebrar e de que a única alternativa é imprimir euros como se não houvesse amanhã!
Curioso observar que não há receitas para a crise europeia. Nem sequer algum tipo de consenso acerca do que fazer. Os analistas, em geral, se mostram estupefatos com o estado das contas públicas na Europa e não creem em soluções paliativas.
Foi-se o tempo em que o Brasil era a preocupação. Hoje somos parte da solução.
O Brasil está sendo constantemente pressionado para ajudar a Europa, seja emprestando dinheiro, seja comprando mais. Ao invés de mandar dinheiro, devemos comprar empresas europeias.
O naufrágio da Europa será causado tanto pelo endividamento público quanto pelo fato de os países serem caros e ineficientes, mas também porque os bancos já estão contaminados com apostas grandes em países errados.
O Brasil deveria ir às compras e adquirir empresas europeias que sejam líderes em seus ramos e que trabalhem com inovação e tecnologia. Nas atuais circunstâncias, não é preciso muito para comprar empreendimentos de ponta e acelerar nosso desenvolvimento interno.
Além disso, é hora de fazer convênios com universidades, trazer professores de fora e ampliar a qualidade do ensino em bases locais, além de estimular a ida de brasileiros para estudar no exterior.
Com a importação de cérebros e a aquisição de empresas estrangeiras, o Brasil pode dar mais um salto no seu desenvolvimento econômico e social. Para tanto, o governo terá que ser mais moderno e reflexivo. E, sobretudo, dialogar muito.
Murillo de Aragão é cientista político
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