sábado, 10 de outubro de 2009

Dólar em Queda Livre

A equipe econômica está de mãos amarradas diante da valorização excessiva do real frente ao dólar. E, como mostra reportagem de Martha Beck e Patrícia Duarte, publicada na edição do GLOBO deste sábado, o otimismo global com o Brasil - provocado pela rápida recuperação da economia após a crise e pelo potencial de novas oportunidades como pré-sal e Olimpíadas - já está causando desconforto.
A avaliação dos principais integrantes do Ministério da Fazenda e do Banco Central (BC) é que não há hoje instrumentos disponíveis para fazer frente à enxurrada de investimentos estrangeiros previstos para o país. Além disso, há receio de se tomar uma atitude que passe a impressão de que o câmbio flutuante será abandonado.
No Ministério da Fazenda, a maior preocupação é com a competitividade das empresas brasileiras. No BC, existe o temor de que se crie um rombo nas contas externas do país. Para 2009, a autoridade monetária projeta um déficit em transações correntes (trocas com o exterior como balança comercial, remessas, pagamento de juros) de US$ 18 bilhões - estava em pouco mais de US$ 9 bilhões em agosto - e, para 2010, de US$ 29 bilhões.
A equipe econômica avalia que um dólar na casa de R$ 1,60 não seria saudável para a economia. Na sexta-feira, a moeda americana fechou a R$ 1,737 e, este ano, já acumula baixa superior a 25%. Foi a maior queda registrada pelo dólar frente a outra moeda este ano num ranking de dez divisas de países ricos e em desenvolvimento.
E mais: segundo técnicos do governo, o dólar em torno de R$ 1,70 já pode ser comparado à cotação de R$ 1,50 do qual o câmbio se aproximou no período pré-crise e que já preocupava fortemente o governo.
O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, espera um cenário sombrio para os exportadores brasileiros. Ele prevê que o dólar vá chegar a R$ 1,60, aproximando-se das cotações pré-crise.

Um comentário:

Alberto del Castillo disse...

Na virada do século XX o grande objetivo dos Bancos Centrais era promover a estabilidade da moeda observando os ditames do lastro ouro cujas regras variavam de país para país.
Com o passar do tempo e a melhoria do conhecimento da Ciência Econômica os objetivos passaram a ser a estabilidade dos preços e a busca pelo pleno emprego.
Espero que a situação passageira do câmbio não leve nossos economistas a voltarem aos 1900s.