domingo, 8 de abril de 2012

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Relação foi comprovada por estudo espanhol que acompanhou oito mil pessoas por seis anos



Hambúrguer e batata frita: combinação adorada pelos fãs de fast food foi relacionada a maior risco de depressão em pesquisa
Foto: Ari Kayer/Agência O Globo
Hambúrguer e batata frita: combinação adorada pelos fãs de fast food foi relacionada a maior risco de depressão em pesquisaARI KAYER/AGÊNCIA O GLOBO
MADRI — Na hora em que estiver mordendo seu próximo sanduíche cheio de maionese, presunto e bacon, ou querendo convidar os amigos para mais um rodízio de pizza, pense duas vezes: um novo estudo espanhol mostra que quem come mais gordura tem mais propensão a desenvolver depressão. O trabalho que comprovou esta relação foi realizado por cientistas da Universidade de Las Palmas de Gran Canaria e da Universidade de Navarra, que acompanharam mais de oito mil pessoas durante seis anos.
— Constatamos que os participantes que mais consumiam fast food apresentavam 40% mais risco de ter depressão do que aqueles que não consumiam — disse ao jornal “El Mundo” Almudena Sánchez-Villegas, a principal autora do estudo, divulgado pela “Public Health Nutrition”.
Segundo os autores, a depressão afeta cerca de 120 milhões de pessoas no mundo, e pouco se sabe sobre o papel da dieta no desenvolvimento da doença, embora estudos anteriores tenham sugerido que certos alimentos têm um papel preventivo contra este mal, incluindo as vitaminas do grupo B, os ácidos graxos e o azeite de oliva.
O trabalho foi realizado com 8.964 participantes, que não tinham diagnóstico de depressão nem tomavam qualquer tipo de antidepressivo no inicío da investigação. Ao longo da pesquisa, todos responderam a questionários anuais sobre seus hábitos de vida e consumo de alimentos. Ao final, um total de 493 dos voluntários haviam recebido diagnóstico de depressão ou começado a tomar antidepressivos.
Além de constatar que aqueles que ingeriam mais gordura tinham mais propensão a desenvolver a doença, o estudo mostrou que, quanto mais fast food, mais risco, numa reação chamada dose-resposta. O mesmo efeito, porém, não foi observado com produtos industrializados.
Ainda segundo o estudo, os participantes com maior ingestão de gordura tendiam a “estar solteiros, ser menos ativos e ter um padrão dietético pior, com menos consumo de frutas, peixes, verduras e azeite de oliva”. Além disso, fumavam mais e trabalham mais de 45 horas por semana.
Uma possível explicação para a relação entre alimentos gordurosos e depressão é a grande quantidade de gordura trans presente neles. Como se sabe, a gordura trans pode afetar o organismo de diferentes formas, e aumenta, entre outros riscos, o de se desenvolver doenças cardiovasculares e problemas mentais como a depressão.
Para garantir a segurança do resultado, ao longo da pesquisa os cientistas eliminaram do grupo pessoas que tiveram o diagnóstico de depressão até dois anos após seu início: é que elas poderiam já ter a doença antes, embora não o soubessem. Mesmo assim, os dados não mudaram: até o final do estudo, a depressão teve maior incidência entre aqueles que consumiam mais gordura.
Ao tomar conhecimento do trabalho, José Luis Carrasco, chefe da Unidade de Transtorno de Limite da Personalidade do Hospital Universitário San Carlos, em Madri, observou que a predisposição pessoal e o histórico familiar também ajudam a determinar se a pessoa será ou não acometida de depressão. Mas ele diz que, no dia a dia do hospital, observa que, de fato, as pessoas deprimidas tendem a comer mais rapidamente e a ingerir alimentos de menor valor nutritivo.
— A fast-food produz uma gratificação imediata — diz ele. — Se uma pessoa com vulnerabilidade ou predisposição para a depressão, insegura e instável emocionalmente, tem hábitos de alimentação que se baseiam em hambúrgueres e pizzas e costuma comer em cinco minutos, isto significa que está se desestabilizando. Estas pessoas, como mostrou o estudo, tendem a se apaixonar rapidamente, trabalhar mais e fumar mais.


  

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