Berlusconi e as Mulheres

Amiga do ex-premier explica a novata que na bunga bunga ‘há as prostitutas e as mais sérias’

Nicole Minetti: explicações para quem nunca participou da bunga-bungaAGÊNCIA O GLOBO/ REPRODUÇÃO

MILÃO — Gravações de conversas dos personagens das chamadas festas bunga bunga promovidas pelo ex-premier italiano Silvio Berlusconi foram divulgadas nesta terça-feira pela imprensa italiana. Em um dos telefonemas, de setembro de 2010, Nicole Minetti, presença constante no que Berlusconi classificou de jantares elegantes, explica para uma principiante que existem cinco tipos de mulheres que frequentam essas ocasiões. Na semana passada, uma modelo revelou em seu depoimento que mulheres se fantasiavam de freiras e como o jogador Ronaldinho para o deleite do político.

Após convidar uma mulher para uma festa na casa de Berlusconi, Nicole, conselheira regional do partido governista Povo da Liberdade (PDL), avisa sobre os “tipos de mulheres” que são chamadas para a bunga bunga:

“Te explico. Há cinco categorias antropológicas. Há as prostitutas, as sul-americanas que vêm das favelas e não falam uma palavra de italiano, as mais sérias, outras que estão em algum lugar no meio disso e eu, que faço o que eu faço”, explica uma didática Nicole, dando também instruções detalhadas sobre como agradar e conquistar os homens que vão às festas.

Em outra ligação, Lisa Barizonte diz a Nicole que vai levar sua fantasia de professora para uma das festas.

“Perfeito, vou levar cintaliga e óculos, e quando tirar tudo terei uma lingerie sexy por baixo”, concordou Nicole, que nas ligações se refere ao político e empresário italiano como “amor da minha vida” e “chefe dos chefes”, um termo normalmente usado para mafiosos.

Nas gravações divulgadas, Nicole também combina com o ex-premier uma festa para aquela noite, e oferece uma nova garota para participar, recebendo um “ótimo, ótimo, ótimo” como resposta.

Berlusconi pagava máfia nos anos 70 e 80 para não sofrer violência

Berlusconi foi ainda notícia nesta terça-feira, após a Suprema Corte italiana concluir que ele pagou quantias substanciais para a Cosa Nostra, máfia da Sicília, no sul da Itália, para evitar que ele e sua família sofressem sequestros ou outro tipo de violência. Os pagamentos aconteceram nas décadas de 70 e 80, quando o ex-premier ainda era apenas um empresário.

Os acordos foram mediados por Marcello Dell’Utri, amigo de Berlusconi e atual senador em seu partido. Para os juízes que investigam Dell’Utri, trata-se de um “acordo de natureza protetora e colaborativa” no qual Berlusconi foi “vítima” de intimidação da máfia.

Através da mediação de Marcello Dell‘Utri, Berlusconi contratou o já falecido mafioso Vittorio Mangano para garantir a segurança do então empresário.

Em 2004, Dell’Utri foi condenado a sete anos de prisão por associação com a máfia, mas apelou da decisão. Em março, o Supremo anunciou a anulação da sentença e determinou um novo julgamento em segunda instância por considerar um “vazio de argumentação” na sentença já que entre os anos de 1977 a 1982 Dell’Utri supostamente não trabalhava para Berlusconi e sim para outro empresário.