sábado, 14 de abril de 2012

Dilma:Os spreads são um entrave ao crescimento do Brasil


Taxas elevadas no Brasil são um entrave ao crescimento, avalia presidente


BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira que os altos spreads (diferença entre os juros que os bancos cobram e o que eles pagam para captar dinheiro no mercado) são um dos principais entraves ao crescimento do Brasil. Após a queda da taxa básica de juros, a Selic, bancos públicos como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil reduziram seus juros. O governo vem pressionando para que os bancos privados façam o mesmo.
- Nos temos que desmontar alguns entraves ao nosso crescimento sustentável e continuado. Esses entraves podem ser assim resumidos, muito simplificadamente, na necessidade de nós colocarmos os nossos juros e spreads nos padrões internacionais de custos e capital.
Para Dilma, outro entrave ao crescimento é a estrutura tributária do país, que pesa no crescimento sustentável. A presidente admitiu que há necessidade de desoneração tributária. Sobre o câmbio, a presidente defendeu que o Brasil tem de estar atento aos mecanismos de enfrentamento da crise usados pelos países desenvolvidos, como a injeção de recursos em suas economias e a desvalorização artificial de suas moedas. Para Dilma, esses recursos podem tornar a industria brasileira uma “presa fácil em um processo de desconstituição e canibalização”.
Dilma participou nesta sexta-feira da apresentação do Programa de Apoio à Competitividade da Indústria Nacional, feita pelo Senai na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em Brasília. O programa contará com investimentos de R$ 1,9 bilhão até 2014, sendo R$ 1,5 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$ 400 milhões próprios do Senai, e inclui a construção de 53 centros de formação profissional, 23 institutos de inovação e 38 institutos de tecnologia, além da reforma de 250 escolas e a compra de 81 unidades móveis.
Entre um elogio e outro à iniciativa, Dilma pregou a necessidade de o Brasil ser forte no campo de inovação, aumentando o número de patentes.
- Patente é importante, é imprescindível. Temos que ter pessoas capazes de gerar patentes. O governo assume aqui o compromisso de modificar e modernizar o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
Dilma usou um tom crítico para falar da qualidade da educação brasileira, dizendo que os padrões de exigência acadêmicos tendem a ser maiores no exterior. E afirmou que o país precisa ter um ensino médio profissionalizante.
- Não é possível a concepção de um ensino médio que também não seja profissionalizante, tecnológico e de qualidade.
Dilma também fez afagos aos industriais, dizendo que o Brasil não pode prescindir de uma indústria forte.
- Eu tenho uma convicção profunda de que não há hipótese de o Brasil dar certo, não há hipótese de nós continuarmos nos desenvolvendo, gerando empregos, afirmando nossa soberania, tendo importância internacional, se nós não tivermos uma indústria forte. Eu tenho absoluta convicção. Não sou daquelas pessoas que acreditam que o mundo mudou e hoje sejam só serviços. Não acredito nisso. Alguns países entraram nisso. Acho que vão tender a reverter.
O presidente da CNI, Robson de Andrade, foi na mesma linha.
- A atividade industrial impulsiona os ganhos de produtividade das demais áreas da economia e estimula a demanda, o emprego e as exportações. É por esse motivo que a indústria deve estar no centro da estratégia de crescimento do país.
Andrade também defendeu a queda dos juros e spreads cobrados pelos bancos. Para ele, se os bancos públicos têm condição de reduzir o spread, o setor privado também tem.
- Nós temos certeza de que o spread pode cair no Brasil - disse Andrade.
Também participaram do evento o ministro da Educação, Aloizio Mercadante; o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel; o presidente do BNDES, Luciano Coutinho; e o diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi.

Um comentário:

Alberto disse...

Estão dizendo que ando impressionado com a Dilma. Estou mesmo. A Presidente quebrou dois tabus que estorvavam nossa economia.
O primeiro dizia que, havendo qualquer subida na inflação, os juros deviam subir.
O segundo, uma antiga crendice que o mercado se ajusta automaticamente regulando o "spread" em função da oferta e da procura, está sendo derrubado segundo o discurso de ontem.
Nem FH nem Lula corrigiram estas distorções em seus governos.