Em ataque à imprensa, senador quer impedir que a mídia paute a comissão
BRASÍLIA - Mostrando que ainda traz as cicatrizes do traumático processo de expulsão da Presidência da República há 20 anos, o senador Fernando Collor (PTB-AL) fez um discurso na tarde desta quarta-feira na tribuna do Senado para avisar que atuará na CPMI do Cachoeira como um verdadeiro bedel para impedir o vazamento de documentos sigilosos. A comissão vai investigar a relação do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresas.
- Buscarei ainda, com a cooperação de meus pares, para que a agenda desta CPMI não seja pautada pelos meios e alguns de seus rabiscadores - avisou Collor, completando:O senador usou expressões duras contra jornalistas e a mídia, que em 1992 divulgaram na CPI de PC Farias, por exemplo, cópias de cheques do esquema de corrupção pagos a sua secretária Ana Aciolly e pagamento de uma Fiat Elba. Collor disse que seu foco e sua atenção estão voltados para que não haja vazamentos de informações sigilosas e protegidas por "nossa lei maior".
- Afinal, a imagem do Parlamento está em jogo. Temos que trabalhar pelo seu engrandecimento e não dar margem às frequentes hostilidades dirigidas às suas Casas.
Sem ser aparteado no plenário, Collor, no discurso, disse ser preciso estarem vigilantes, alertas e cautelosos para todo tipo de manipulação a que recorrem os meios (de comunicação) para instigar comportamentos, deformar opiniões e induzir resultados.
- Não é admissível, num país de livre acesso às informações e num governo que se preza pela transparência pública, aceitar que alguns confrades, sob o argumento muitas vezes falacioso do sigilo da fonte, se utilizem de informantes com os mais rasteiros métodos, visando o furo de reportagem, mas, sobretudo, propiciar a obtenção de lucros, lucros e mais lucros a si próprios, aos veículos que lhes dão guarida e aos respectivos chefes que os alugam - continuou Collor.
Todo o discurso foi montado em cima da possibilidade de vazamentos e da cobertura da imprensa aos trabalhos da CPI de Cachoeira, da qual Collor faz parte, desta vez como juiz. Ele garantiu que tentará evitar que certos meios se prestem a agir como simples dutos condutores de "noticias falsas ou manipuladamente distorcidas".
- E mais, que se utilizem de ações e métodos desonestos e repulsivos para escamotear a realidade dos fatos e burlar a lei - disse Collor.
Ele disse que aceitou a indicação para compor a CPI como uma missão para qual todo parlamentar deve estar preparado em cumprimento do papel institucional de fiscalização que cabe ao Parlamento exercer.
- Igualmente é preciso não deixar que o colegiado torne-se instância fadada a servir de mero palco para a vileza política e um campo fértil de desrespeito aos mais elementares direitos constitucionais dos homens públicos ou de qualquer cidadão brasileiro. Muito menos permitir, que em plena democracia, a comissão transforme-se em um autêntico tribunal de exceção - disse Collor.
Ele ainda diz que a Constituição dá aos membros da CPI poderes para investigação, mas jamais poderão se tornar "inquisidores definitivos".
- Que nela (CPI) prevaleçam a determinação e o denodo, mas também o comedimento e o respeito aos princípios fundamentais do estado democrático de direito - encerra Collor.
Um comentário:
Elogiável a preocupação do Collor mas será este o foco da CPI?
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