José Sarney (PMDB-AP) disse há pouco que a crise do Senado não é dele, é do Senado. E que ele ocupa a presidência do Senado de fevereiro para cá.
Indiretamente, jogou nas costas dos seus antecessores a culpa pela maioria dos problemas que sujam a reputação do Senado.
Esqueceu que preside o Senado pela terceira vez desde 1995.
Esqueceu que nomeou Agaciel Maia diretor-geral do Senado e que o ajudou a se manter no cargo durante 14 anos. A saída de Agaciel do cargo funcionou como a espoleta que detonou a crise.
Esqueceu que o Senado são os senadores e os funcionários. E que se atravessa a pior crise de sua história, a responsabilidade recai sobre os senadores porque são eles que mandam.
Sarney não é um senador como outro qualquer. Faz política há mais de 50 anos. Foi presidente da República. É senador há 19 anos. Nesse período, ninguém presidiu o Senado contra o voto dele.
Negar a existência de cerca de mil atos secretos produzidos pela direção do Senado, preferir atribui-los a erros ou a falhas técnicas, é debochar da inteligência dos que o ouviram com atenção.
Dizer que os podres do Senado só estão vindo à luz porque ele resolveu investigá-los foi uma lorota da pior qualidade. Deve-se à imprensa a revelação dos podres.
Enfim, foi um discurso pífio o que Sarney fez esta tarde no Senado. Não convenceu sequer seus pares, tão responsáveis quanto ele pela crise.
Um comentário:
O comentário mais justo sôbre o discurso Sarney me faz lembrar uma antiga marchinha de Carnaval,"Que mentira que lorota bôa"(bis).
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