Desde que deixou a Presidência da República e assumiu o primeiro mandato como senador, em 1990, o poder de José Sarney (PMDB-AP) no Senado só cresceu. Tamanha influência do senador, que preside a Casa pela terceira vez, abriu espaço para outros representantes da família Sarney na instituição - um neto, duas sobrinhas e uma ex-nora. As contratações foram feitas com discrição, a maioria por meio de atos secretos, que começam a ser revelados.
Apesar da súmula antinepotismo adotada pelo Supremo Tribunal Federal, por enquanto, apenas Jo~so Fernando Michels Gonçalves Sarney, de 22 anos, neto do senador, foi demitido. Contratado como secretário parlamentar pelo senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) em fevereiro de 2007, em retribuição a favores devidos ao seu pai, Fernando Sarney, o rapaz acabou perdendo o salário de R$ 7,6 mil em 3 de outubro de 2008, por um ato secreto. Dias depois, porém, sua mãe Rosângela Michels Gonçalves foi contratada em seu lugar.
Pelo menos duas parentes de Sarney ainda trabalham na Casa: Vera Portela Macieira Borges e Maria do Carmo de Castro Macieira, sobrinhas de dona Marly Sarney. A primeira, contratada em 15 de maio de 2003 com lotação no gabinete da presidência do senado, a pedido de Sarney foi transferida para o gabinete do senador Delcídio Amaral (PT-MS), em Campo Grande. Seu salário, referente à função AP-2, é de R$ 4.661,70.
Já a segunda sobrinha foi contratada como assistente parlamentar para trabalhar no gabinete da prima, a ex-senadora e atual governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB). Seu salário inicial (função AP-8) era de R$ 1.773,21 em junho de 2005, mas, em março deste ano, foi promovida à função AP-3, com salário de R4 2.794,18.
Amigos dos Sarney sempre encontraram no Senado um porto seguro. Entre os brindados com cargos comissionados na Casa está Lucas Barreto, o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Amapá, com salário de R$ 7 mil, entre 2007 e 2008. Outra agraciada foi Nathalie Rondeau, filha do ex-ministro Silas Rondeau, que chegou ao Ministério das Minas e Energia por indicação de Sarney. Com 22 anos e sem experiência na área editorial, Nathalie foi nomeada em 26 de agosto de 2005, por ato secreto, para integrar o Conselho Editorial do Senado, presidido por Sarney. Sua participação no conselho lhe rendia um salário mensal de R4 2,5 mil.
Um comentário:
O bi-Presidente faz questão de afirmar que a crise é do Senado e não dele. Para qualquer observador mais atento está claro que o Sarney é o Senado e o Senado é o Sarney.
É impossível dissociarmos um do outro. Da mesma forma, apesar de todos os protestos do Lula, é impossível dissociarmos o "Mensalão" da gestão PT.
Esta situação está retratada com muita arte no "Rei Lear" de Shakespeare onde um rei perambula entre o real e o imaginário em suas crises de senilidade sendo admoestado pelo único personagem sensato, o bobo da corte nosso representante nesta tragédia de sete erros.
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