segunda-feira, 22 de junho de 2009

Obama e o Irã


O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu ao governo iraniano que pare "com todas as ações violentas e injustas contra seu próprio povo", em meio a novos choques entre tropas de choque da polícia e manifestantes que contestam as eleições presidenciais realizadas no país na semana passada e que reelegeram Mahmoud Ahmadinejad. Vídeos postados em diversos sites mostram forças policiais usando de violência excessiva para dispersar os opositores que saíram às ruas de Teerã. Segundo fontes hospitalares citadas pela rede de TV CNN, 19 pessoas teriam morrido nos confrontos deste sábado. Notícias não confirmadas, no entanto, dizem que o número de mortos poderia ser superior a 150. O governo sustenta que houve apenas oito fatalidades desde o início dos protestos - uma delas em um atentado suicida perpetrado neste sábado no mausoléu do pai da revolução iraniana, o aiatolá Ruhollah Khomeini, 20 quilômetros de Teerã
"O governo iraniano precisa entender que o mundo está assistindo. Nós lamentamos cada vida inocente que é perdida", disse Obama por meio de um comunicado. "Os direitos universais e a liberdade de expressão precisam ser respeitados, e os Estados Unidos ficam do lado de todos que procuram exercer esses direitos."
Os comentários mais veementes de Obama até agora sobre a crise no governo do Irã aconteceram depois de o líder oposicionista Mirhossein Mousavi dizer que está "pronto para o martírio", de acordo com um dos seus aliados, na liderança dos protestos que fizeram o líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei , alertar para o risco de de derramamento de sangue.
Em função das manifestações, as mais amplas desde a Revolução Islâmica de 1979, o Conselho de Guardiães do Irã, o mais alto corpo legislativo do país, admitiu fazer a recontagem de 10% dos votos aleatoriamente escolhidos das eleições presidenciais, informou a televisão estatal.
- Embora o Conselho não seja legalmente obrigado... estamos prontos para recontar 10% aleatoriamente, na presença de representantes dos três candidatos (derrotados) - disse um porta-voz do Conselho, de 12 membros.
Segundo autoridades da Casa Branca, Obama, que novamente evitou comentar a política iraniana diretamente nem falou se a eleição foi justa ou não, recebeu informes do setor de inteligência ao longo do dia sobre a situação no Irã. Ele também se reuniu com seus assessores mais importantes.
"Pedimos ao governo iraniano que pare com todas as ações violentas e injustas contra seu próprio povo", declarou Obama.
Obama tem se equilibrado numa linha estreita para comentar a eleição, buscando evitar o que possa ser visto como "intromissão" na política iraniana. No entanto, ele enfrenta pressão de alguns republicanos para ser um defensor mais vocal dos manifestantes contra o presidente conservador do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que teve declarada vitória por ampla maioria.
Desde que assumiu o cargo em janeiro, Obama aliviou o tom na diplomacia dos EUA para o Irã, buscando diálogo com o governo com o qual Washington rompeu relações pouco após a revolução Islâmica, que derrubou o Xá apoiado pelos americanos Nos últimos anos, Washington acusou o Irã de dar apoio ao terrorismo e buscar armas nucleares. Teerã diz que seu programa nuclear é pacífico e que as forças dos EUA no Iraque e no Afeganistão geram instabilidade regional.

Um comentário:

Alberto del Castillo disse...

Em princípio a postura do Obama está correta. Criticar a violência sem julgar o mérito da eleição.
A saia justa é que o mundo exige uma declaração dos EEUU.
Ainda bem que o Brasil não é obrigado a se manifestar. Lamentavelmente isto não impedirá nosso presidente messiânico de orientar a postura política mundial com instruções diretas do planalto.