CRÍTICA: 'Avenida Brasil', seus vilões e seus mocinhos
Esta semana em “Avenida Brasil”, Carminha, personagem de Adriana Esteves, humilhou Nina (Débora Falabella), entornando vinho no chão da cozinha e obrigando-a a lavar. A biscate cruel inventada por João Emanuel Carneiro assusta não só pelo que faz. Mas pelo que diz pressentir. “Reconheço um mentiroso à distância”, afirmou sobre Cadinho (Alexandre Borges) depois de um jantar cordial com ele. “Essa menina está escondendo alguma coisa, não gosto dela”, grasnou diante dos manjares de Nina. Quando Tufão (Murilo Benício) quis saber o motivo de tamanhas certezas, ela respondeu simplesmente: “Intuição”. Ao contrário de muitas das criações de João Emanuel, a personagem é a personificação da iniquidade, sem muitas nuances. Mas a perversão de Carminha — objetiva e intuitiva — corre em dois níveis. Assim, o autor apresenta um banquete duplo e variado: as crueldades dela perceptíveis a olho nu; e aquilo que ninguém vê, mas que aterroriza só de imaginar.
Além de uma história bem construída, “Avenida Brasil” conta com um elenco no geral escalado com sensibilidade. A escolha de Adriana — depois de ela ter brilhado como Dalva de Oliveira na minissérie de Maria Adelaide Amaral — não poderia ser mais acertada. A novela mal começou e basta uma leve vasculhada na internet para constatar que a vilã mexe com muita gente. Marcello Novaes como Max é outro tiro na mosca.
Se Carminha é um suco puro de sordidez, Tufão é o sumo da ingenuidade, um herói sem facetas. Murilo Benício, um ator que, como Adriana, o público viu se aprimorar em anos de televisão, vem dando uma rasteira nos riscos de seu personagem virar um bobão. Ingênuo, sim; fácil, não.
Vale agora ficar de olho em Débora Falabella, uma profissional cheia de técnica. Ela está correta como Nina, mas ainda não mostrou calor. É um contraste até mesmo com a própria personagem quando criança (Mel Maia), uma garotinha intensa. Agora, ela tem duas faces distintas, a da vítima e a da vingadora. Se a atriz se entregar mais ao papel, ajudará na voltagem das cenas de todos na mansão do subúrbio. E olha que a eletricidade já corre alta.
Um comentário:
Pois é... com este comentário eu acho que até vou dar uma olhada na novela. Não tenho assistido mais há anos, pois elas têm sido de muito baixa qualidade. Vamos tentar!
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