WASHINGTON E RIO — No momento em que começa a assumir ares de candidato oficial do Partido Republicano à Presidência, o ex-governador Mitt Romney recebeu uma má notícia. Pela primeira vez desde 2011, o presidente Barack Obama o ultrapassou na preferência dos eleitores dosswing states — estados que não têm inclinação definitiva para democratas nem para republicanos, e que podem definir a eleição.
Obama atingiu 51% da preferência dos eleitores contra 42% de Mitt Romney num eventual — e cada vez mais provável — confronto entre os dois, segundo levantamento feito entre 20 e 26 de março pelo Instituto Gallup para o jornal “USA Today”. Na rodada anterior, de fevereiro, Romney tinha 48% das intenções de voto contra 46% de Romney. É a primeira vez desde novembro de 2011, quando essa pesquisa começou, que o presidente ultrapassa o ex-governador.
De acordo com o Gallup, essa alteração se deve essencialmente aos eleitores independentes, uma vez que as porcentagens dos declaradamente republicanos ou democratas não se alteraram significativamente.
Os independentes são considerados pelo instituto como eleitores-chave na definição do lado para qual cada swing state vai cair nas presidenciais. E, entre esse grupo, as intenções de voto de Romney estão em queda livre, tendo atingido 39% no levantamento mais recente ante um pico de 49% em outubro do ano passado. No mesmo período, as porcentagens para Obama foram de 41% para 48%.
A pesquisa foi feita em 12 swing states — Colorado, Flórida, Iowa, Michigan, Nevada, New Hampshire, Novo México, Carolina do Norte, Ohio, Pensilvânia, Vírginia e Wisconsin — com 933 eleitores — sendo 371 independentes.
Romney fala como candidato
Impulsionado pelas vitórias nas primárias de Maryland, Washington D.C. e Wisconsin e mais próximo da indicação do Partido Republicano, Romney passou a concentrar esforços em atacar o presidente Barack Obama. Em uma guerra verbal cada vez mais intensa, Romney acusou o democrata de esconder suas verdadeiras posições com uma “agenda oculta” em questões como orçamento, política externa, energia e outros temas polêmicos.
— Ele quer ser reeleito para que depois possamos descobrir o que ele vai fazer. A intenção dele é esconder — disse Romney, em um evento de agência de notícias no qual Obama havia discursado anteontem e feito críticas diretas ao republicano, uma estratégia que ele havia evitado até então, por manifestar apoio a um plano de orçamento aprovado pela oposição na Câmara, que faria cortes em programas destinados aos pobres e aos idosos.
O ex-governador disse que não havia exemplo melhor da política “esconde-esconde” de Obama do que a questão dos gastos públicos em programas de saúde, como o Medicare. Ele afirmou ainda que as declarações de Obama estavam repletas de “distorções e imprecisões” numerosas demais para listar. O republicano repetiu sua crítica mais frequente ao presidente, dizendo que Obama tem uma plataforma econômica “contra negócios, investimentos e empregos”.
A mudança de estratégia de Romney já havia sido sinalizada no discurso da vitória em Milwaukee, quando deixou de lado as críticas ao rival republicano Rick Santorum e aproveitou para condenar o governo Obama pela maneira como tem lidado com a economia e a alta nos preços da gasolina.
— É suficiente para fazer você pensar com anos de viagens no Air Force One (o avião presidencial americano), cercado de uma equipe de adoradores formada por verdadeiros fiéis dizendo a você que trabalho maravilhoso você está fazendo, bem, isso deve ser suficiente para fazer você perder o contato com a realidade — disse.
McCain a Santorum: “É hora de uma saída graciosa”
Romney já conta com mais da metade dos 1.144 delegados necessários para conquistar a indicação do partido. O ex-senador Rick Santorum prometeu permanecer na disputa ao menos até o dia 24 de abril, quando será realizada a primária da Pensilvânia, estado natal de Santorum. O rival conservador luta agora para manter-se como uma opção relevante na disputa. Mas o senador republicano John McCain já o aconselhou publicamente a buscar outro caminho.
— É hora de uma saída graciosa — recomendou McCain, em entrevista à CBS.
O senador sugeriu sua ex-companheira de chapa, Sarah Palin, como opção para concorrer à vice-presidência, mas citou também outras opções no partido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário