NOVA DÉLHI — A Índia propôs nesta sexta-feira à presidente Dilma Rousseff um pacto com o Brasil, caso o país decida comprar os caças franceses Rafale, como farão os indianos. Haveria troca de informações sobre vários itens da negociação, para tentar extrair da Dassault, fabricante do jato, o máximo de vantagens. Isso incluiria informações sobre transferência de tecnologia, condições de manutenção, preços, integração ou não de componentes locais e estrutura de venda.
Mas a primeira visita de Dilma à Índia coincidiu com um escândalo envolvendo suposta corrupção nas Forças Armadas indianas. Militares do país, segundo a rede de TV Times Now, estariam questionando o alto preço a ser pago pelos jatos franceses, assim como a pouca clareza nas promessas de transferência de tecnologia — pontos que influenciarão também a decisão de compra do Brasil.
Esta semana, vazou o conteúdo de uma carta de um general indiano ao ministro da Defesa, A.K Antony, lançando dúvidas sobre vários contratos na área. O governo abriu investigação sobre as denúncias, inclusive sobre a negociação para compra dos Rafale, o maior contrato de defesa da história da Índia, segundo o jornal “Deccan Herald”.
O ministro anunciou também “punição máxima” para quem vazou a carta do general, por “traição”, segundo o jornal “Times of India”. O ministro disse que, se for comprovada “qualquer irregularidade, em qualquer estágio” dos processos de compra, o governo não vai hesitar em cancelá-los.
É uma má notícia para a Dassault, que depositou todas as fichas na venda dos Rafale para Índia e Brasil. A empresa nunca vendera para o exterior. A Índia anunciou recentemente sua opção pela oferta francesa para compra de 126 jatos num valor estimado em US$ 12 bilhões. E os franceses esperam que isso influencie a decisão do Brasil.
Foram os ministros indianos que levantaram o assunto dos Rafale durante a reunião de Dilma, ontem, com o primeiro-ministro Manmohan Singh, segundo uma fonte do governo. Mesmo saindo na frente na compra, a Índia também poderia se beneficiar de uma eventual troca de informações com o Brasil, já que os contratos são de longo prazo e permitem alguns ajustes.
— Na área de aviação, eles têm grande interesse na Embraer. E, no caso do Rafale, há disposição deles de fazer uma parceria de cooperação com o Brasil para obter transferência de tecnologia (francesa) — disse a fonte.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, disse que os indianos apenas informaram à comitiva brasileira sobre a decisão de compra. Ele negou ter sido discutida qualquer proposta para troca de informações entre Brasil e Índia, o que significaria que o Brasil optou pelos Rafale e descartou ofertas dos jatos suecos Gripen ou dos F-18 americanos.
Nas conversas de ontem, os indianos demonstraram interesse no etanol brasileiro. Já o Brasil tem interesse em mandar estudantes ao país.
2 comentários:
A Índia tem interesse no etanol brasileiro? O Brasil tem hoje um deficit de 120 usinas para produzir etanol para si. Metade do nosso consumo nós estamos COMPRANDO dos EEUU. Este é o país da piada pronta...
A experiência das forças aéreas argentinas e peruanas na escaramuça das Malvinas deve desacreditar o suporte dos fabricantes franceses.
Esta de Brasil e Índia negociarem juntos para fazer pressão é piada.
Não adianta gastar rios de dinheiro com armamentos sem garantias operacionais.
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