Bicheiro pretendia colocar Demóstenes Torres próximo ao gabinete presidencial
BRASÍLIA - As ambições do contraventor Carlinhos Cachoeira ultrapassavam as divisas de Goiás. Gravações feitas pela Polícia Federal revelaram que o bicheiro tentou ano passado estender seus negócios a Mato Grosso, Distrito Federal e Tocantins. Mais do que isso: ele sonhava colocar seu principal operador político, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), próximo ao gabinete da presidente Dilma Rousseff.
Com as novas revelações, os negócios do bicheiro, que já haviam alvejado os dois principais partidos oposicionistas (DEM e PSDB) passaram a constranger os dois maiores partidos da base aliada. Conversas telefônicas divulgadas pela revista “Época" mostram Cachoeira incentivando Demóstenes a se filiar ao PMDB e se aproximar da presidente.
- Fica bom demais se você for pro PMDB... Ela quer falar com você? A Dilma? A Dilma quer falar com você, não? - pergunta Cachoeira.
O senador responde:
- Por debaixo, mas se eu decidir ela fala. Ela quer sentar comigo se eu for mesmo. Não é pra enrolar".
O bicheiro então se anima:
- Ah, então vai, uai, fala que vai (para o PMDB), ela te chama lá.
O diálogo ocorreu em abril de 2011, quando Demóstenes negociava sua entrada para o PMDB, o que não prosperou. À revista, o Planalto informou que Dilma não conversou com Demóstenes desde que assumiu a Presidência.
As gravações de conversas do bicheiro também deixaram em maus lençóis o ex-governador do Tocantins Marcelo Miranda e colocam o governo do petista Agnelo Queiroz no Distrito Federal sob suspeita. Na conversa em que trata da ida de Demóstenes para a base aliada, Cachoeira pede que o senador use sua influência para que o Supremo Tribunal Federal aceite um recurso de Miranda e o emposse no Senado.
- Ele (Miranda) é um cara nosso - diz o contraventor.
Demóstenes promete então ajudar. Miranda havia sido eleito para a vaga, mas foi impedido de tomar posse por ter sido condenado por abuso de poder político nas eleições de 2006.
Situação de Agnelo preocupa base
Cachoeira e o então o diretor da Delta Construções, Cláudio Abreu, discutiram fazer negócios com o maior adversário de Miranda no Tocantins, o atual governador José Wilson Siqueira Campos. Abreu contou ao contraventor que Eduardo Siqueira Campos, filho do governador e secretário de Relações Institucionais do estado, teria direcionado um contrato para o grupo.
- Eduardo também é bom, Carlinhos. Não pode falar mal dele não, cara - diz Abreu: - Ele mandou dar o negócio pra nós lá: a inspeção veicular do Tocantins.
Siqueira Campos negou o favorecimento e lembrou que não há definição de quem fará os serviços. Miranda disse mal conhecer Cachoeira.
A maior preocupação da base é com Agnelo. Desde o início da operação da PF, parlamentares da oposição insinuam no Congresso que o governo do DF tinha relações com o bicheiro. Nesta quinta-feira, vieram à tona gravações mostrando que o bicheiro e um comparsa trabalhavam para garantir um contrato com o DFTrans, órgão que gerencia o transporte público no DF.
Nos diálogos, de junho de 2011, eles dizem ter acordado com um um funcionário a destinação do contrato de bilhetagem eletrônica dos ônibus do DF, estimado em R$ 60 milhões, para a Delta, que integraria o esquema. Segundo a PF, o funcionário seria o diretor financeiro e administrativo do DFTrans, Milton Martins de Lima Júnior, que negou envolvimento. Segundo ele, várias empresas o procuraram para apresentar tecnologia, mas ninguém falou em nome de Cachoeira. Milton afirmou que nenhuma nova empresa foi contratada para a bilhetagem e que os valores citados são distantes dos atuais, que não chega a R$ 1,5 milhão .
Um comentário:
Meus amigos, viver em país desenvolvido é assim mesmo. Agora o Brasil já tem o seu próprio "Al Capone" manipulando políticos da alta esfera. Votemos em Carlinhos Cachoeira para inimigo público nº 1.
Quem sabe farão um filme que finalmente trará o "Oscar" para o Brasil.
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