sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Laurinho - Uma Lenda Urbana



Nesse Rio de Janeiro cheio de assaltos e arrastões ainda há espaço para pequenas tragicomédias urbanas e hoje eu vivi a minha (felizmente mais comédia do que trágica). Moro num apartamento de 2 andares no Jardim Botânico. Hoje minha esposa Paula acordou as 7 da manhã pra fazer uma oração, já que nessa hora estava marcada a cesariana de Laurinha, filha de uma amiga nossa que iria nascer.
Ao subir as escadas ouviu um barulho, mas não deu importância, imaginando ser minha sogra acordando. Quando ela foi a cozinha beber água ela viu cascas de banana no chão, fezes e urina. Apavorada, pensando tratar-se de um ladrão, ela dá de cara com um macaco um pouco menor que um chimpanzé em cima da pia do banheiro. Ela corre, se tranca no nosso quarto e me acorda desesperada (Nessas horas é tão ruim ser homem...).Vesti minha roupa de caçar macacos (tênis, jeans e um daqueles casacos de neve que era pra me proteger em caso de um ataque) e perguntei pra minha esposa: "Você vem comigo?"
Ela respondeu: "É ruim,hein!".
Comecei a explorar o andar de baixo. O bicho havia bebido água das flores do quarto de hóspedes e tinha defecado no banheiro de hóspedes e dentro da bolsa de maquiagem da minha sogra (deve ter um monte de genro me invejando).
Antes de subir as escadas pedi reforço ao porteiro (é engraçado como homem nunca é machão o suficiente pra resolver essas coisas sozinho). Segui a trilha de fezes pela escada e abri a porta pro porteiro." Laurinho " (resolvi chamá-lo assim em homenagem á filha da nossa amiga) estava encurralado na área de serviço.
Ele entrou no apartamento atraído pelo cacho de bananas que minha sogra (a culpada é sempre a sogra!) havia deixado ali pra madurar. Apesar de só ter comido 1 banana (que ele ainda teve a tranqüilidade de descascar) parecia que ele estava defecando 10 bananas, tamanha era a quantidade de "rastros" que o bicho deixou pela casa.
Não satisfeito em usar o banheiro de hóspedes, a área de serviço e a bolsa de maquiagem da minha sogra como privada, "Laurinho" também defecou no varal, inutilizando para sempre algumas cuecas e as calcinhas da minha sogra (Bem feito! Quem mandou deixar a isca pro animal?).
Enquanto eu e o porteiro tentávamos convencer o bicho a sair ele se defendia como podia, ou seja, defecou em cima do porteiro. Do lado de fora da janela minha esposa e minha sogra olhavam aterrorizadas para a árvore em frente de onde 5 irmãos de "Laurinho" ameaçavam pular para entrar.
Finalmente, nosso herói, o porteiro Rosenildo, consegue, com a ajuda de um providencial cabo de vassoura, enxotar Laurinho pra fora antes que seus irmãos conseguissem entrar.
Minha mulher não quer mais comer lá em casa, está com nojo de tudo e diz que o apartamento está com cheiro de macaco. Hoje mesmo eu já liguei encomendando uma tela de proteção.Tive que pedir a faxineira do meu pai emprestada, já que a minha empregada sozinha não iria conseguir dar conta do recado.
Quando eu imaginei que o prejuízo já estava todo contabilizado minha empregada me liga avisando que atrás da máquina de lavar roupa tinha uma poça de cocô de macaco. Meu Deus, esse bicho não digere a banana.
Não sei se ele entrou na minha casa pra comer ou pra defecar. Minha empregada nem conseguiu almoçar hoje de tanto nojo. Com certeza eu nunca vou esquecer o dia da cesariana da Laurinha, quando eu conheci o "Laurinho".
O detalhe é que esse é o ano do macaco. Uma boa dica pra quem gosta de fazer uma "fezinha".
(do leitor Marcelo Virmond de Andrade)
Marcelo Virmond de Andrada tem 43 anos e formou-se em Odontologia em 1988, Seu texto é de uma simplicidade extraordinária, conciso, de um humor inteligente. É, sem dúvida um seguidor de Luiz Fernando Veríssimo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns, Marcelo! Este é um dos textos mais divertidos que eu li em muito tempo. Acho, sem brincadeira, que você podia escrever um livro de crônicas!

Anônimo disse...

Olha.. a Clara me enviou um e-mail divulgando esse texto - eu es tou no trabalho e tres pessoas já vieram perguntar por que eu estou "chorando".. estou chorando de tanto rir com essa historia!!!

ESPETACULAR!!! realmente deveria escrever um livro de crônicas!!

Unknown disse...

Já li melhores nas cabines dos banheiros da rodoviária Novo Rio!

Perco o tio mas não perco a piada!
Beijo, Pedro!