domingo, 28 de setembro de 2008

As Gralhas Enfurecidas - 002

Em 1986, publiquei meu primeiro livro - “O Espermatozóide Atleta - Quase Memórias” - um relato autobiográfico, cobrindo quarenta e cinco anos de minha vida.

Nos anos que se seguiram aconteceram coisas importantes:

Em janeiro de 1988, sofri meu primeiro enfarte, passei trinta dias no Hospital, de onde saí muito bem do coração, mas deprimido. Em dezembro do mesmo ano, meu casamento de 25 anos chegou ao fim, eu ainda estava deprimido e continuei deprimido. Mas, coisas boas também aconteceram: entre 1989 e 1993, meus quatro filhos casaram, eu também casei-me outra vez, tornei-me avô de dois lindos netos. Em setembro de 1993, fui parar outra vez no Hospital, onde sofri duas paradas cardíacas. Saí, depois de cinqüenta dias, devidamente remendado com três pontes no coração, duas safenas e uma mamária, muito bem do coração e, outra vez, deprimido.

Fiquei bom da depressão graças ao Dr. Ivan Figueira e suas pílulas mágicas - Prozac e Carbolítium - e decidi escrever, continuar a narrativa de onde havia parado no primeiro livro, convencido de que havia muita coisa interessante para contar.

Com dez por cento do novo livro escrito, mostrei à minha mulher, que leu e não gostou. Disse que estava chato. Eu fiquei com raiva dela. Durante trinta minutos. Depois, reli, e achei chatíssimo.

Segui seus conselhos: o livro não seria biográfico, porque os tais acontecimentos que eu considerava importantes, na verdade, não continham nada de excepcional que pudesse atrair a atenção de quem quer que fosse. Talvez, só talvez..., pudesse atrair a curiosidade, e não a atenção nem o interesse, das pessoas que viveram comigo os tais acontecimentos. Era muito pouco.

Joguei tudo fora, ou para usar a linguagem de hoje, “deletei” tudo e comecei outra vez. Larguei a narrativa na primeira pessoa, criei os personagens, tentei imitar Sidney Sheldon, misturando nas doses certas (espero...) suspense, crime, sexo, humor.

É este livro que ofereço aos amigos, os antigos e os novos que tive a felicidade de ganhar nestes últimos doze anos. Espero que vocês se divirtam tanto na leitura, quanto eu me diverti ao escrever.

Uma última observação: Não tentem se identificar nos personagens. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas, ou acontecimentos, terá sido mera coincidência.

Este livro, eu juro, não é autobiográfico.

Infelizmente.

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