Juro que resisti o quanto pude. Meus filhos, meus amigos, mesmo os da minha geração, tentaram me seduzir de todas as formas, apregoando suas vantagens, enfatizando suas facilidades para quase tudo. Eu resisti, juro. Um dia, chegando em casa, entrei no meu quarto e vi “a coisa” sobre a minha mesa de trabalho.
- Ué ! – eu disse – uma televisão com um teclado?
Pronto, um computador tinha invadido a minha vida, da maneira mais ardilosa, difícil de ser expulso: Um presente da minha mulher. Eu havia ingressado no admirável mundo novo e minha mulher no cheque especial.
Ignorei aquela parafernália eletrônica e pensei em tirá-la de cima de minha mesa, porque estava atrapalhando meu ofício de escritor na velha Olivetti. Mas não cometi este ato, pois poderia significar problemas no meu relacionamento conjugal.
Minha mulher, sim, ingressou de cabeça no não sei porquê admirável mundo novo. Navegou por “sites”, pesquisou preços, comprou, vendeu, construiu planilhas, organizou o caos de seus extratos bancários, fez transferência de dinheiro, combateu vírus, e tudo isto com um ar de felicidade quase orgástica no rosto. E o quase foi embora quando descobriu uma coisa que atendia pelo nome de “chat”, no qual pessoas conversavam “on line” e, acho que, envergonhadas pelas bobagens que escreviam, assassinando freqüentemente o português, não usavam seus nomes verdadeiros. Não era um “chat”, era uma chat-ice. Ela ficava até duas, três horas da madrugada diante da parafernália.
Não tenho certeza, mas acho que fui o primeiro corno eletrônico do país.
Mas, se consegui me manter distante “da coisa” em casa, o mesmo não aconteceu no trabalho. Uma tarde, entrou em minha sala um jovem com pouco mais da metade da minha idade, acompanhado por um contínuo que, em um carrinho, trazia “a coisa”.O rapaz explicou que a Empresa entrara na área da alta tecnologia e que seu chefe, o Diretor da Área Tecnológica, havia dito que quem não se entrosasse, estava fora.
- Na próxima segunda feira eu e mais dois colegas vamos iniciar um curso para todo o pessoal, dando muita ênfase ao “e-mail”, que vai ser o meio através do qual toda a Empresa vai se comunicar. Acabaram-se os malotes, os memorandos, os telefonemas. Para o Senhor ter uma idéia, as filiais, os escritórios de venda, centros de atendimentos ao cliente, somam mais de trezentos postos. Imagine a economia nestes custos todos, sobretudo nas contas de telefone.
Continuou:
- Vamos formar três turmas, A, B e C, em função do conhecimento já existente sobre Informática. “A”, para os que não conhecem nada, “B”, para os que têm algum bom conhecimento e “C” para os que, não só conhecem, mas têm experiência. Vamos iniciar com um teste para alocar o pessoal nas turmas. O Senhor, por exemplo, em que classe se considera ?
Respondi, sem hesitar:
- Na A, de Anta...
Enfim, fiz o curso, fui aprovado e passei a lidar muito bem com “a coisa” O que me irritava eram as mensagem idiotas que “ela” me dava:”Você efetuou uma operação ilegal e o sistema será encerrado”. Aí eu pensava em me entregar logo à Polícia. Ou então: ”O caminho escolhido não é válido”. Quê caminho ? Ou ainda, “O sistema não está respondendo”. Ora, respondendo a quê ou a quem, se não fiz pergunta alguma ?
Mas hoje está quase tudo bem. Este BLOG é a prova de que daqui a 100 anos poderei substituir Bill Gates na Microsoft.
- Ué ! – eu disse – uma televisão com um teclado?
Pronto, um computador tinha invadido a minha vida, da maneira mais ardilosa, difícil de ser expulso: Um presente da minha mulher. Eu havia ingressado no admirável mundo novo e minha mulher no cheque especial.
Ignorei aquela parafernália eletrônica e pensei em tirá-la de cima de minha mesa, porque estava atrapalhando meu ofício de escritor na velha Olivetti. Mas não cometi este ato, pois poderia significar problemas no meu relacionamento conjugal.
Minha mulher, sim, ingressou de cabeça no não sei porquê admirável mundo novo. Navegou por “sites”, pesquisou preços, comprou, vendeu, construiu planilhas, organizou o caos de seus extratos bancários, fez transferência de dinheiro, combateu vírus, e tudo isto com um ar de felicidade quase orgástica no rosto. E o quase foi embora quando descobriu uma coisa que atendia pelo nome de “chat”, no qual pessoas conversavam “on line” e, acho que, envergonhadas pelas bobagens que escreviam, assassinando freqüentemente o português, não usavam seus nomes verdadeiros. Não era um “chat”, era uma chat-ice. Ela ficava até duas, três horas da madrugada diante da parafernália.
Não tenho certeza, mas acho que fui o primeiro corno eletrônico do país.
Mas, se consegui me manter distante “da coisa” em casa, o mesmo não aconteceu no trabalho. Uma tarde, entrou em minha sala um jovem com pouco mais da metade da minha idade, acompanhado por um contínuo que, em um carrinho, trazia “a coisa”.O rapaz explicou que a Empresa entrara na área da alta tecnologia e que seu chefe, o Diretor da Área Tecnológica, havia dito que quem não se entrosasse, estava fora.
- Na próxima segunda feira eu e mais dois colegas vamos iniciar um curso para todo o pessoal, dando muita ênfase ao “e-mail”, que vai ser o meio através do qual toda a Empresa vai se comunicar. Acabaram-se os malotes, os memorandos, os telefonemas. Para o Senhor ter uma idéia, as filiais, os escritórios de venda, centros de atendimentos ao cliente, somam mais de trezentos postos. Imagine a economia nestes custos todos, sobretudo nas contas de telefone.
Continuou:
- Vamos formar três turmas, A, B e C, em função do conhecimento já existente sobre Informática. “A”, para os que não conhecem nada, “B”, para os que têm algum bom conhecimento e “C” para os que, não só conhecem, mas têm experiência. Vamos iniciar com um teste para alocar o pessoal nas turmas. O Senhor, por exemplo, em que classe se considera ?
Respondi, sem hesitar:
- Na A, de Anta...
Enfim, fiz o curso, fui aprovado e passei a lidar muito bem com “a coisa” O que me irritava eram as mensagem idiotas que “ela” me dava:”Você efetuou uma operação ilegal e o sistema será encerrado”. Aí eu pensava em me entregar logo à Polícia. Ou então: ”O caminho escolhido não é válido”. Quê caminho ? Ou ainda, “O sistema não está respondendo”. Ora, respondendo a quê ou a quem, se não fiz pergunta alguma ?
Mas hoje está quase tudo bem. Este BLOG é a prova de que daqui a 100 anos poderei substituir Bill Gates na Microsoft.
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