Superstição, mania, tabu... seja o nome que for, cada um tem a sua. O Senador Sarney só sai pela porta por onde entrou. O cantor Roberto Carlos não usa marrom, apesar de ter afirmado em entrevista na TV, que não se tratava de superstição, mas de uma doença mental que atende pelo pomposo nome de Transtorno Obsessivo Compulsivo. TOC, para os íntimos.
Disse também que estava se tratando (psicanálise) e que tinha melhorado bastante, cassando a exclusividade do azul e branco, mas não estava ainda suficiente bom para dar uma chance ao marrom.
A superstição atinge principalmente torcedores de times de futebol, que comparecem aos estádios sempre com a mesma camisa, a mesma cueca. Ainda bem que os jogos não são diários e sobra algum tempinho para a lavagem da camisa e da cueca. Quer dizer, em tese, porque alguns (ou serão muitos ?) escondem as retro-mencionadas peças do vestuário para que a empregada ou a mulher não as lavem.
Quanto a mim, que eu me lembre, não tenho nenhuma mania. Sofro de outro mal, que a Organização Mundial de Saúde chamava de Psicose Maníaco – Depressiva. Mas a OMS, cedeu a pressões de ilustres deprimidos (dizem que o Presidente Bush faz parte do grupo) e mudou o antipático nome da doença para bipolaridade. O sujeito que, além de deprimido, tinha a pecha de psicótico-maníaco-depressivo, passou a poder se apresentar como bipolar. Ou seja, agora não sou mais psicótico-maníaco-depressivo. Fui promovido a bipolar o que, juraram dois psiquiatras, não tem nada a ver com bissexual.
O bipolar altera momentos de depressão, momentos de normalidade, com momentos de euforia – na psiquiatria chamada de “mania”.
Perguntei ao meu psiquiatra, em casos extremos, a que levava a depressão e a mania.
- O sujeito deprimido em 90 % dos casos, se cura sozinho, sem médico e sem remédios. Mas isto leva mais de um ano. Em casos extremos, se o sujeito não se tratar, não tomar remédios, pode levar à morte, pelo suicídio. A mania torna o cara um falador contumaz, fala sem parar, em uma reunião ou em uma festa não dá chance aos outros. Passa depois a se tornar inconveniente, o tipo do sujeito que conta piadas de judeu para judeu, de negro para negro, de homossexual para homossexual. É aquela pessoa que adota o princípio do “perco o amigo, ou a mulher, mas não perco a piada”. Eles não se suicidam, mas acabam sozinhos. Quando se aproximam de um grupo, para o qual não foi chamado, o comentário da turma é sempre o mesmo: “Ih, lá vem aquele chato que não deixa ninguém falar”.
Guilherme Figueiredo, o autor de “A Raposa e as Uvas”, definiu o “chato” como aquele que quando você lhe pergunta “Como vai ?”, em vez de responder “Tudo bem”, responde exatamente como vai. Não é um chato, é um bipolar em sua fase maníaca.
Enfim, como todas estas mazelas se misturam (um cientista americano escreveu que o homem conhece mais sobre a superfície lunar do que sobre o cérebro humano), quis tratar naquela sessão específica sobre o mal de Alzheimer.
- Às vezes, Doutor, vou à cozinha fazer alguma coisa e quando chego lá não me lembro o que fui fazer. Será um comecinho de Alzheimer ?
- Não tem nada a ver. Eu tenho 34 anos, a metade da sua idade e acontece a mesma coisa comigo.
- Bem, pode ser um caso de Alzheimer precoce...
Aconteceu comigo. Recebi uma ligação de um executivo chamado Ivan Cardoso, proprietário de uma Central de Atendimento em São Paulo. Meu nome lhe fora indicado por um amigo comum, sócio principal de um Call Center em Campinas, onde eu ministrara um curso de oito semanas.
Ele viria ao Rio na semana seguinte e marcamos um jantar. Eu não fui como um maltrapilho, mas fui sem terno e sem gravata. O paulista estava vestido como um paulista, suando muito porque o restaurante que eu havia escolhido estava com o sistema de ar condicionado quebrado.
O Ivan chamou o maître e perguntou:
- O que é que vocês têm para entrada ?
Antes que o maître desfilasse as iguarias da casa, antecipei-me:
- Ivan, para entrada eles têm a porta que é muito boa. Serve para a entrada e para a saída.
Deixei-o no Hotel em Copacabana e, quando ele saiu do carro disse que “vocês cariocas são muito descontraídos, mas, às vezes, são descontraídos demais”.
Chegando em casa, contei a história a minha mulher e disse:
- Acabei de perder um contrato de oito mil reais por duas semanas de trabalho.
Ela acrescentou:
- E mais duzentos e cinqüenta reais da sessão extra que você ter que ter o seu psi.
Disse também que estava se tratando (psicanálise) e que tinha melhorado bastante, cassando a exclusividade do azul e branco, mas não estava ainda suficiente bom para dar uma chance ao marrom.
A superstição atinge principalmente torcedores de times de futebol, que comparecem aos estádios sempre com a mesma camisa, a mesma cueca. Ainda bem que os jogos não são diários e sobra algum tempinho para a lavagem da camisa e da cueca. Quer dizer, em tese, porque alguns (ou serão muitos ?) escondem as retro-mencionadas peças do vestuário para que a empregada ou a mulher não as lavem.
Quanto a mim, que eu me lembre, não tenho nenhuma mania. Sofro de outro mal, que a Organização Mundial de Saúde chamava de Psicose Maníaco – Depressiva. Mas a OMS, cedeu a pressões de ilustres deprimidos (dizem que o Presidente Bush faz parte do grupo) e mudou o antipático nome da doença para bipolaridade. O sujeito que, além de deprimido, tinha a pecha de psicótico-maníaco-depressivo, passou a poder se apresentar como bipolar. Ou seja, agora não sou mais psicótico-maníaco-depressivo. Fui promovido a bipolar o que, juraram dois psiquiatras, não tem nada a ver com bissexual.
O bipolar altera momentos de depressão, momentos de normalidade, com momentos de euforia – na psiquiatria chamada de “mania”.
Perguntei ao meu psiquiatra, em casos extremos, a que levava a depressão e a mania.
- O sujeito deprimido em 90 % dos casos, se cura sozinho, sem médico e sem remédios. Mas isto leva mais de um ano. Em casos extremos, se o sujeito não se tratar, não tomar remédios, pode levar à morte, pelo suicídio. A mania torna o cara um falador contumaz, fala sem parar, em uma reunião ou em uma festa não dá chance aos outros. Passa depois a se tornar inconveniente, o tipo do sujeito que conta piadas de judeu para judeu, de negro para negro, de homossexual para homossexual. É aquela pessoa que adota o princípio do “perco o amigo, ou a mulher, mas não perco a piada”. Eles não se suicidam, mas acabam sozinhos. Quando se aproximam de um grupo, para o qual não foi chamado, o comentário da turma é sempre o mesmo: “Ih, lá vem aquele chato que não deixa ninguém falar”.
Guilherme Figueiredo, o autor de “A Raposa e as Uvas”, definiu o “chato” como aquele que quando você lhe pergunta “Como vai ?”, em vez de responder “Tudo bem”, responde exatamente como vai. Não é um chato, é um bipolar em sua fase maníaca.
Enfim, como todas estas mazelas se misturam (um cientista americano escreveu que o homem conhece mais sobre a superfície lunar do que sobre o cérebro humano), quis tratar naquela sessão específica sobre o mal de Alzheimer.
- Às vezes, Doutor, vou à cozinha fazer alguma coisa e quando chego lá não me lembro o que fui fazer. Será um comecinho de Alzheimer ?
- Não tem nada a ver. Eu tenho 34 anos, a metade da sua idade e acontece a mesma coisa comigo.
- Bem, pode ser um caso de Alzheimer precoce...
Aconteceu comigo. Recebi uma ligação de um executivo chamado Ivan Cardoso, proprietário de uma Central de Atendimento em São Paulo. Meu nome lhe fora indicado por um amigo comum, sócio principal de um Call Center em Campinas, onde eu ministrara um curso de oito semanas.
Ele viria ao Rio na semana seguinte e marcamos um jantar. Eu não fui como um maltrapilho, mas fui sem terno e sem gravata. O paulista estava vestido como um paulista, suando muito porque o restaurante que eu havia escolhido estava com o sistema de ar condicionado quebrado.
O Ivan chamou o maître e perguntou:
- O que é que vocês têm para entrada ?
Antes que o maître desfilasse as iguarias da casa, antecipei-me:
- Ivan, para entrada eles têm a porta que é muito boa. Serve para a entrada e para a saída.
Deixei-o no Hotel em Copacabana e, quando ele saiu do carro disse que “vocês cariocas são muito descontraídos, mas, às vezes, são descontraídos demais”.
Chegando em casa, contei a história a minha mulher e disse:
- Acabei de perder um contrato de oito mil reais por duas semanas de trabalho.
Ela acrescentou:
- E mais duzentos e cinqüenta reais da sessão extra que você ter que ter o seu psi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário