PUBLICIDADE
Cabral pressiona Lula para convencer Lindbergh a desistir de candidatura
- Ex-presidente, porém, evita compromisso; PT e PMDB do Rio trocam ofensas
RIO — Em mais uma ofensiva contra a candidatura do senador Lindbergh Farias (PT) ao governo do Rio de Janeiro em 2014, o PMDB pressiona diretamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante jantar oferecido ao petista na quarta-feira em seu apartamento, no Leblon, o governador Sérgio Cabral avisou que não abrirá mão de lançar o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) à sucessão estadual.
Além de Lula e Cabral, participaram do jantar Pezão e o prefeito Eduardo Paes, também do PMDB. Cabral cobrou de Lula a iniciativa de convencer Lindbergh a desistir. O governador manteve o mesmo tom da nota divulgada pelo PMDB do Rio segunda-feira, na qual o partido diz que não apoiará a reeleição da presidente Dilma Rousseff, se Lindbergh disputar o pleito. Cabral reafirmou também que os peemedebistas não formarão palanque duplo para Dilma.
Em eventos públicos, porém, como o de quarta-feira, durante a abertura de um seminário sobre hanseníase, no Rio, Cabral foi só afagos com Lula. Os dois chegaram juntos no helicóptero do governo do estado. Cabral sentou-se ao lado de Lula e posou para fotos. No discurso, não poupou elogios a Lula. nesta quinta-feira, os dois visitaram as obras do Maracanã ao lado de Pezão.
Apesar da cobrança, Lula não sinalizou se vai intervir no PT do Rio para sepultar a candidatura de Lindbergh. Em 2010, o ex-presidente impediu o petista de ser candidato para apoiar a reeleição de Cabral. Ano passado, Lula também exigiu que o PT pedisse votos para a reeleição de Paes. Anteontem, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, declarou que a candidatura de Lindbergh “é para valer”.
— Foi uma conversa dura e difícil. O Lula teve a noção exata de que não haverá entendimento. A partir daí, ele disse que vai resolver. O ex-presidente ficou preocupado, mas se mostrou compreensivo — contou um peemedebista.
Cabral e o PMDB não vão parar com os ataques contra Lindbergh. Nessa estratégia, deverão atingir a ex-governadora Benedita da Silva (PT). Em 2002, ela era vice-governadora e assumiu o cargo no lugar do então governador Anthony Garotinho, que disputou à Presidência. Os peemedebistas pretendem usar a sua base aliada na Assembleia Legislativa para bater na administração de Benedita e relembrar casos como a rebelião de Bangu 1, chefiada pelo traficante Fernandinho Beira-Mar. Também serão vasculhadas possíveis irregularidades cometidas por Lindbergh quando ele era prefeito de Nova Iguaçu. O atual prefeito da cidade, Nelson Bornier (PMDB), era ex-desafeto de Cabral, de quem se reaproximou em 2012. O PMDB também não descarta citar o mensalão.
Lindbergh, que vai se encontrar com Lula na próxima semana, reagiu:
— Lula é nosso líder. Com ele não vão funcionar pressão e ameaças. Lula sabe que nós abrimos mão das eleições de 2010 e 2012. Sabe que não podemos virar sublegenda do PMDB. Esse episódio (jantar) só serviu para fortalecer a minha candidatura.
A gota d'água para Cabral foram as inserções do programa do PT na TV exibidas nas últimas semanas, com Lindbergh como estrela, assinadas pelo marqueteiro João Santana, o mesmo de Lula e Dilma. Os filmes criticaram o suposto favorecimento do governo do estado a áreas nobres.
Em entrevista à Rádio CBN e ao jornal “Extra”, o presidente regional do PMDB, Jorge Picciani, chamou Lindbergh de moleque e o PT de calhorda. Os petistas reagiram: o presidente regional do PT, Jorge Florêncio, chamou nesta quinta-feira Picciani de desclassificado.
Um comentário:
Todo debate é bemvindo. O endurecimento do PMDB é consequência da percepção de fragilidade do PT no Rio.
Postar um comentário